Autoria de Gledes D’ Aparecida Reis Geovanini
Recordar as comemorações festivas em honra a nossa Padroeira, a Srª do Carmo, sempre foi motivo de alegria e emoção, pois sempre foi grande e ativa a participação dos cachoeirenses nas festividades.
Nos idos tempos dos Reverendos Pe. Manoel Pe. Zequinha, a festa tinha o caráter só espiritual sendo composto de uma Novena na Matriz com missas, procissão e consagração das crianças à Mãe do Carmo.
Aliás, as procissões sempre foram uma grande demonstração da espiritualidade mariana, sendo muito bem organizadas, bonitas, constando de duas alas em fila indiana, tendo ao centro lindas menininhas vestidas de anjos, seguida das cruzadinhas trajadas de branco e após as filhas de Maria com seus vestidos brancos, trazendo na cintura uma larga cinta azul e no peito a fita azul. Atrás vem o Apostolado da Oração ostentando no peito a bela fita vermelha que demonstra pertencerem ao Sagrado Coração de Jesus. Mais atrás vem o andor lindamente enfeitado, tendo na frente o padre e os coroinhas e atrás o coro e a banda que cantavam e tocavam os hinos Marianos. Respeitosamente o povo caminhava ora cantando ora rezando, realizando um trajeto pelas principais ruas da cidade.
A cidade ficava em polvorosa, recebendo todos os fazendeiros, suas famílias e camaradas que vinham de carro de bois, à cavalo, e carro, movimentando a cidade durante os festivos 9 dias. Era assim que os mais antigos expressavam amor e gratidão a Nossa Senhora do Carmo.
Com a chegada do Monsenhor Nunes, um Padre muito inteligente, sábio, culto, criativo e muito dinâmico a festa sofreu uma radical mudança, dando um caráter mais moderno à parte espiritual e introduzindo uma marca de sociabilidade e integração com a inclusão das cidades vizinhas e amigas.
Monsenhor Nunes organizou uma programação com um roteiro especial onde contemplava cada dia com missas, sermões, homenagens e atrações promovidas pela cidade convidada, e pelas pessoas e entidades que recepcionariam os homenageados, tudo isto num período inicial de nove dias que foi se estendendo até atingir dezesseis dias, tendo início no dia 1º de julho de término a 16 de julho, encerrando toda a festividade com o famosos baile do Clube Tabajara.
Cada dia era uma cidade convidada e ela deveria trazer uma atração especial, bem como seu prefeito, seu Pároco e demais autoridades e pessoas, que seriam recepcionadas por pessoas e entidades pré escolhidas tanto na Igreja como no Coreto.
A praça da Matriz ficava repleta de barraquinhas de diversas mercadorias, brinquedos, bebidas e saborosas comidas , cujo cheiro atraia a todos.
Na Igreja, a cada noite, o povo se apinhava para receber os convidados, os homenageados que eram pessoas que se destacavam nas comunidades rurais e na cidade, pessoas da educação, pastorais e movimentos, esportes, etc.
No coreto da praça, havia a apresentação oficial da comitiva, das autoridades e dos homenageados, realizada pelo locutor Baltazar, um bonito, elegante e jovem seminarista que dominava muito bem a comunicação e com seu alegre vozeirão fazia o intercâmbio da fé e da alegria da assim apelidada por ele como Carmo da Cachoeira Cidade Sorriso que era grata acolhedora de todos que vinham abrilhantar nossas noites.
Neste coreto, se destacava também a figura carismática do Mons. Nunes que contagiava a todos com seu largo sorriso e sua alegria ao cantar a música de sua autoria especialmente composta para a ocasião, intitulada: “É na vendinha” que tirava enormes aplausos de todos.
Eram dias gloriosos, esperados ansiosamente a cada ano, pois movimentavam grandemente nossa cidade, tanto de dia quanto de noite e faziam nossa Matriz ficar repleta de cristãos.
Com o passar dos anos, surgiu a atração mais concorrida e duradoura que foi a “Procissão de Cavaleiros” que perdurou até antes da Pandemia do Coronavírus.
Esta festividade toda foi fruto de uma benéfica parceria entre Prefeitura e Igreja. Com a experiência adquirida a Prefeitura passou a assumir o patrocínio da parte social, trazendo apresentações artísticas de cantores e músicos sertanejos entre outros estilos, rodeados pelos inúmeros fãs que aplaudiam efusivamente seus ídolos, lotando a Praça da Matriz.
E a Igreja voltou a assumir a sua parte, a religiosa, ressaltando a espiritualidade mariana, em louvor a grande Mãe de Deus e nossa, a Senhora do Carmelo.
Comentários