Escola em casa construída pelos Rates
Histórias de antanho - Reminiscências do núcleo Cachoeira do Rates - Século XIX
Uma observação feita por Auguste de Saint-Hilaire: registro da Mantiqueira, 15 de março 1822 página 67.
Nas comarcas de Sabará e Ferrofrio, os pais fazem, muitas vezes, grandes sacrifícios para dar educação aos filhos. Nesta de São João (Del Rey), liga-se muito menos importância à instrução. Isto provém de que os homens mais ricos desta região, como por exemplo esse que acabo de citar, são europeus que, nas suas pátrias, pertenciam às mais baixas classes da sociedade e nada aprenderam.
A ignorância não os impediu de enriquecer, gozam da consideração que se prende ao dinheiro. Não devem, por conseguinte, sentir a utilidade da educação para os filhos.
Os proprietários ricos daqui tem mais ou menos o mesmo gênero de negócios que os das Minas Novas. Vão procurar negros, no Rio de Janeiro, revendem-nos a longo prazo aos cultivadores menos abastados, aceitam fumo em troca e ganham assim muitas vezes o valor de seu capital.
Na obra, Carmo da Cachoeira Origem e Desenvolvimento, o Prof. Wanderley Ferreira de Resende, baseado em dados de Ary Florenzano diz, às fls. 61:
Não sei a data exata em que foi criada a primeira história do Arraial, nem qual o Governo que a criou, mas deve ter sido por volta de 1877 ou 1878.
De acordo com alguns dados que conseguimos, a escola funcionava em uma casa construída pelos Rates, e estava localizada um pouco para cima do local onde funcionou o Matadouro Municipal.
Prédio grande e confortável de propriedade da Família Santana — casa de residência de Conceição Santana Chediak, mãe de Almir Chediak. A casa ficou vaga quando a família mudou-se para o Rio de Janeiro.
O ginásio era um ponto de cultura na florescente Carmo da Cachoeira, Minas Gerais, no final do Século 19.
A escola em nível primário funcionava em outros locais e eram separados por turmas masculinas e femininas.
O relatório do IBGE, apresenta como havendo em Carmo da Boa Vista, em 3 de março, uma Escola Pública com a presença de dois normalistas: Pedro Juvêncio de Souza com turma de 55 alunos e Anna Evangelista Ximenes com turma de 46 alunos.
Cidadãs cachoeirenses nascidas nas primeiras décadas do Século 20 e que aqui viveram e morreram em idade muito avançado, como a Dionísia Aparecida de Jesus, nascida em julho de 1918 e Anna Francelina da Costa Soares ou Ana Francelina de Jesus, mais conhecida como Tiana Garoa são as responsáveis pela descrição da antiga casa de residência dos pais de Almir Chediak, na qual funcionou o primeiro ginásio de Carmo da Cachoeira. Tiana Garoa era encarregada de preparar a merenda para os alunos. Ambas moradoras na atual rua Domingos Ribeiro de Rezende. Seus descendentes, em 2022, ainda residem nas casas, frutos do espólio familiar.
Alguém que, apesar de idade avançada, muito contribuiu com nossas pesquisas foi dona Marlene Reis Rezende Vilela. Ela aparece na genealogia da Família Reis - Domingos Reis e Silva - o patriarca - seus descendentes de José Ovídio Reis, às fls. 72. É a 11ª filha, com doze irmãos, filha de Maria Reis Rezende e Estevam Ribeiro de Rezende (Nhônhô-Canhanbola).
Ao conversar com ela sobre assuntos do passado, mostra-se lúcida e descreve com carinho pessoas que fizeram parte de sua família. Fala de modo muito especial sobre seus tios, pais e irmãos. Dona Marlene diz ter estudado na zona rural, no entanto, as provas eram realizadas aqui, enquanto arraial da Cachoeira. Diz ela:
Não no ginásio, a escola que eu fazia a prova era próxima, ou no mesmo lugar da que hoje é a Escola Pedro Mestre.
Quanto ao ginásio que existiu, na hoje denominada, rua Domingos Ribeiro de Rezende ela o define como sendo um grande casarão.
Primeiro Ginásio — Carmo da Cachoeira |
Casa Instrução — Carmo da Cachoeira |
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