Carmo da Cachoeira é perpetuada em poema.
Joel, Jovane e Jobinho, compositores e intérpretes da página de hoje pertencem à Família “Garcia Pereira”. Eles, nascidos e batizados em Carmo da Cachoeira, se dizem descendentes dos Garcias de Luminárias.
Pelo que temos notícia, os Garcias de Luminárias tem a sua raiz mais profunda num dos filhos de Diogo Garcia e Julia Maria da Caridade (uma das “Três Ilhoas”), João Garcia do Espírito Santo. Ele aparece no ano de 1814 em um documento no qual é confrontante de Luís Álvares Taveira.
Outra referência mais remota do atual ramo familiar é a de Antonio Garcia de Figueiredo e Adolfina Alves Diniz (ou Dolfina) no Ribeirão da Prata ou Pratinha, mais ou menos na divisa Luminárias / São Bento Abade, hoje. Dados genealógicos dão Vicente de Paula Garcia Andrade como sendo filho de Antônio Garcia Neto e Francisca Andrade Garcia, neto paterno de Antônio Garcia de Figueiredo e dona Adolfina Alves Diniz.
Recentemente por ocasião da pesquisa que realizamos em função do lançamento de CD comemorativo ao Sesquicentenário da Freguesia de Nossa Senhora do Carmo, em Carmo da Cachoeira, Minas Gerais, no ano de 2007, tivemos notícia que Artur Furtado Terra era morador de Luminárias. Ele foi casado com Maria Amélia de Sousa, filha de Orestes José de Sousa e Conceição Olímpia de Melo. Por ora, buscamos complementar esses dados que devem estar presentes na obra 500 anos Trajetórias de uma Família de autoria de Antonio Galvão Sampaio Terra.
Continuando nossas pesquisas deparamo-nos com a informação de que o morador de Luminárias, Vicente de Paula Garcia Andrade era filho de Antônio Garcia Neto e Francisca Andrade Garcia, neto paterno de Antônio Garcia Figueiredo e Adolfina Alves Diniz, irmã de Delfino Alves Diniz. Aqui em Carmo da Cachoeira Janilda, Joel, Jovane e Jobinho dizem que seus ancestrais eram da Fazenda Morro Grande, em Luminárias. Cabe-nos, no entanto, perceber que à época dos ancestrais dos “Garcia Pereira” em Luminárias, os limites eram outros e que toda esta região era ligada a Carrancas, na Comarca do Rio das Mortes.
Da Serra das Luminárias veio a família “Garcia Pereira” para iluminar com sua arte e musicalidade Carmo da Cachoeira, no Sul das Minas Gerais.
Contam nossos artistas que seu pai, Antonio Garcia Pereira ficou órfão com três anos e foi criado pelos avós maternos, Antonio Garcia de Figueiredo e Adolfina Alves Diniz. Antonio Garcia Pereira, carinhosamente chamado de "Tuniquinho", irradiou todo amor vivenciado em família durante sua infância e adolescência. Criado num cadinho de pureza, zelo e dedicação, sua criatividade desabrochou e, somada ao dom de captar sons harmoniosos, pode manifestá-los através da música. A partitura flui através da transparência de um instrumento que representa a pureza da Criação. Assim foi “Tuniquinho” e hoje são seus filhos e netos - instrumentos do amor universal enobrecidos com o brilho dos nobres valores humanos contidos na singeleza e simplicidade, tradicionalmente vividos pelos descendentes de famílias açorianas.
Historicamente, temos notícia que a Ilha do Faial nos Açores, ainda hoje, é terra da ventura, flamenga e portuguesa, nos caracteres somáticos da raça, nos costumes e folclore, na arte e na vida simples e original. Uma vida de comunhão. E foi assim, nesse ambiente que “Tuniquinho” viveu e criou seus filhos.
Nossa gratidão é imensa, diríamos, imensurável ao Criador que dispõe de fios tão preciosos com os quais se tece a sociedade cachoeirense. No aconchego do lar a família relembra seus ancestrais que atravessaram o mar e aqui vieram em busca de trabalho, sustentáculo para criar os filhos com dignidade. Ficou para trás as praias de areias macias, do espetáculo inesquecível do pôr-do-sol, do círculo verdejante de uma caldeira no centro de uma colina, os mastros de veleiros vindo de todo o mundo, as hortênsias recortando as paisagens e emoldurando casas e caminhos. Ah! Quantas recordações…
Os mais novos interferiam pedindo que se contasse “causos” mais atuais e, falando de Luminárias, lembravam o que os mais velhos lhes contaram sobre “as luzes” que apareciam na Serra, indo de um lado para outro. Alguém interferiu dizendo: "Pareciam luminárias e por isso o nome da cidade dos nossos avós”. E, para mudar o assunto, começam a tocar, declamar e cantar... Reelaborações se mesclam ao som de assobios e rudes instrumentos. Tudo com uma naturalidade e espontaneidade fora do comum.
Confiram a letra abaixo e sintam o que se gera numa roda fraterna de convívio familiar.
Canção a Carmo da Cachoeira
Letra e música: Joel Garcia Pereira
Intérpretes: Joel e Jovâne
Instrumental: Jobinho
Minha cidade tão pequena,
Minha gente trabalhadora,
Gente que trabalha no campo,
Tombando terra formando lavouras;
E é assim minha cidade no sul de Minas Gerais,
Vejo terras cobertas pelos lindos cafezais.
Já procurei em outras estâncias,
Outra terra melhor não há,
O sol aqui é tão lindo mais é o nosso luar!
Minha cidade muito calma poluição jamais se vê,
Não têm fumaça pelo ar atrapalhando o sol nascer.
Desde o momento em que te deixei,
Nunca mais eu fui feliz,
É um berço abençoado,
No sudeste do meu país;
Suas matas verdejantes
E sua lindas corredeiras,
Não há cidade mais bonita
Que você Carmo da Cachoeira! (bis)
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