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“Fazenda Retiro”, hoje “Fazenda Couro do Cervo”

Breve retrospectiva sobre as origens da Fazenda Couro do Cervo

Na obra Carmo da Cachoeira - Origens e Desenvolvimento, o Prof. Wanderley F. de Rezende aponta as três mais antigas fazendas do Deserto Desnudo, uma delas é a Retiro.

Já, no inventário de Domingos Reis e Silva, falecido em 28.11.1783 e arquivado no Museu Regional de São João del Rei, caixa 361, de 17.5.1785, cuja inventariante foi sua mulher Andressa Dias de Carvalho que declara não haver casa de vivenda na fazenda sita na Freguesia de Santa Ana de Lavras do Funil. Dentre os confrontantes, um deles era Manoel Antonio Rates, do Sítio Cachoeira.

O segundo filho do Capitão-mor Domingos dos Reis Silva e de Andressa Dias de Carvalho foi o Capitão Manoel dos Reis Silva (I), nascido em Aiuruoca, Minas Gerais que casou-se com Mariana Vilela do Espírito Santo, nascida em Serranos. Dona Mariana faleceu com 93 anos, em Carmo da Cachoeira, Minas Gerais.

LEIA TAMBÉM: Os primórdios da Fazenda Couro do Cervo

Uma das descendentes de Manoel dos Reis e Silva e Mariana Vilela, Dona Maria Jesuína Vilela, “na Fazenda do Couro do Cervo, em casa de Dona Mariana Vilela, com assistência de seu segundo marido, Francisco Antonio dos Reis, e por seu procurador Joaquim Fernando Ribeiro de Rezende, pede que se faça logo as partilhas porque os suplicantes estão se mudando para o Termo da Vila de Uberaba e não podendo fazer sem concluir esse inventário (...)”. O inventário a que se refere a citação é de João Ribeiro de Rezende c.c Maria Jesuína Vilela, cx. 65, ano 1844, MRSJDR.

Como podemos perceber, em 1844 já havia sido construída casa na fazenda composta de vários campos, matas virgens e capoeiras, em terras vizinhas de Manoel Antonio Rates, portanto, na Fazenda Retiro e que hoje é denominada Couro do Cervo, em referência ao ribeirão que passa dentro da fazenda.

No ano de 2005, numa publicação da Revista 4 Rodas, a do ano 45, edição 546 do mês de dezembro, às fls. 102 cita o seguinte: “(...) dona Neta Veiga, 87 anos (...). Há 70 anos morando ali, ela vê a curva da varanda da sua casa”.

Dona Alexandrina Veiga (Dona Netta) é filha do Coronel Francisco Custódio da Veiga e de Clara Paulina de Souza e irmã de Mariana Custódia da Veiga c.c Joaquim Alves Garcia Sobrinho. Dona Netta deve ter nascido, pelos cálculos acima, no ano de 1918 e passou a residir na Fazenda Couro do Cervo, por volta de 1935.

Encontramos na publicação, Álbum da Varginha, editado pelo Estabelecimento Gráphico: Casa Maltesi, Varginha, Minas Gerais, referências sobre a Fazenda do Couro do Cervo. Parece-nos que a obra sintetiza momentos, lugares e personagens da primeira metade do século XX. Não encontramos a data de sua publicação para melhor posicionar-mo-nos.

No caso da Fazenda do Couro do Cervo está lá construída, no povoado da Estação de Carmo da Cachoeira que, nos tempos áureos, o movimento da Estação de Trem trouxe muita gente para viver lá. Hoje existem apenas 22 casas no povoado, aproximadamente 70 pessoas. Com o loteamento numa área rural estão surgindo espaços de lazer com piscinas, casas de moradia com bons espaços verdes e chacarazinhas muito aconchegantes. A BR-381 integrou a onda de progresso do governo Juscelino Kubitschek nos anos 50 e foi responsável pela ligação do interior de Minas à capital e de todo estado com São Paulo. Antes da rodovia, o Rio de Janeiro era muito mais acessível aos mineiros do que Belo Horizonte, devido às linhas de trem para a então capital federal. O progresso prometido pela estrada coincidiu com a desativação de quase toda a malha ferroviária do país e a pequena estação de Carmo da Cachoeira entrou em decadência. O que existe hoje é apenas a sombra da agitação que foi o lugar.

A Estação foi inaugurada em 1º de setembro de 1926 quando ativou-se o ramal da Rede Sul Mineira ligando Três Corações a Lavras na Estrada de Ferro Oeste de Minas. As estações de Salto e Carmo da Cachoeira seriam responsáveis pelo escoamento da produção agrícola e pastoril. Em 1924 houve a reconstrução total da estrada ligando Lavras à Vila de Nepomuceno e Carmo da Cachoeira.

Interessante notar que a “Custódio da Veiga”, a que pertence Dona Alexandrina (Dona Netta) e segunda esposa do Dr. João Otaviano Veiga Lima esteve sempre ligada, em suas origens, a Fazenda do Rio Grande - Congonhal. Hoje ela é encontrada em Cana Verde, Perdões, Campo Belo e Carmo da Cachoeira.

A Capela São Sebastião (Estação do Cervo) foi doada por Joana Veiga Custódio Lima, em 25.5.1939. A área construída é de 16X16 m² e através dessa doação podemos estimar a extensão da propriedade rural em mãos da família.

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