Carmo da Cachoeira, Minas Gerais
Nossa referência, como não poderia deixar de ser, é o professor Wanderley Ferreira de Resende. Às fls. 21 de sua obra a respeito das origens e desenvolvimento de Carmo da Cachoeira ele faz a seguinte pergunta:
Quem doou o terreno que viria a constituir o patrimônio da futura paróquia?
Segundo os velhos cachoeirenses o terreno hoje ocupado pela cidade fora doado, uma parte, da rua Antônio Justiniano dos Reis para leste, pelos Rattes e a outra parte pelo tenente coronel da Guarda Nacional José Fernandes Avelino, fazendeiro, que fez construir e nele residiu, o velho casarão situado na esquina da praça do Carmo, onde está hoje a casa que foi do senhor Julio Garcia e antes pertencera a sua mãe, dona Felícia Ambrosina Garcia. Neste ano 2021 o imóvel continua em mãos dos descendentes dessa família.
Quanto à família Rates, temos buscado intensamente dados documentais, no entanto, o único documento que podemos apresentar hoje neste texto é uma escritura de doação feita por Miguel Ratis conforme pode se observar na imagem no fim do texto.
José Fernandes Avelino foi casado em primeiras núpcias com Maria Clara Umbelina e em segundas núpcias com Rita Victalina de Souza. Teve projeção regional. Possuía a patente militar de tenente-coronel da Guarda Nacional o que significava um título de oficial superior. Figurava como negociante de escravos e tinha a sua própria escravatura. Possuía um grande número deles para as tarefas de suas fazendas e, também, para sua comercialização. Realizava trocas, locação, permuta e vendia e comprava escravos. Esse negócio desdobrava seus capitais, pois tais atividades eram muito lucrativas.
O professor Wanderley às fls. 22 - 2ª edição cita a lei nº 805, de 5.7.1857 de criação da Frequesia de Cachoeira do Carmo no município de Lavras do Funil. Cita, também, os elementos que comporiam a Guarda Nacional, de 1862 a 1867 para Amgahy, Luminárias e a Freguesia de Cachoeira do Carmo. Às fls. 24 da mesma obra lê-se: ano 1865, entre outros, o tenente Francisco Inácio de Melo Souza. Ele é pai de Maria Clara Umbelina casada com José Fernandes Avelino.
O avô paterno de MariaClara Umbelina, alferes Francisco José de Souza Mello, comprou a Fazenda Serra Branca (Pedra Branca) que deu origem à Fazenda Pirapitinga cortada pelo ribeirão do mesmo nome e a Fazenda Monjolo na Paragem Deserto Dourado da Freguesia de Carrancas da vila de São João del Rey. Essa fazenda é resultado de sesmaria recebida pelo coronel José Ferreira Vila Nova, irmão do Pe. Bento Ferreira Vila Nova, e que ora vende. (MRSJDR - sesmaria 175 - Cx:13).
José Fernandes Avelino nasceu aos 26.3.1806. Foi batizado na Capela de São Bento do Campo Bello filial de Lavras do Funil, pelo padre José Rodrigues Ponte. Filho legítimo de José Fernandes dos Santos e de Izabel Gertrudes de Moraes. Foram seus padrinhos, o alferes Manoel Francisco Terra e Ana Vitória de Jesus seus avós paternos eram moradores da Fazenda Bella Cruz, de propriedade da família. São eles: o português Miguel Antonio dos Santos, nascido na Freguesia do Conto de São Miguel Pauta, arcebispado de Pauta e de Justa Ribeiro do Evangelho, filha do português João Francisco do Evangelho e de Francisca Ribeiro Martins. No inventário de Miguel Antonio dos Santos (MRSJDR - ano 1799, Cx: 468) é apontado como local onde ocorreu o seu falecimento, na Fazenda Bella Cruz. Freguesia de Santa das Lavras do Funil. Termo da Vila de São João del Rey.
O pai de José Fernandes Avelino, João Fernandes de Souza, por volta de 1813 administrava as fazendas de sua propriedade. Era também, procurador e zelador da Capela de São Bento do Campo Bello.
José Fernandes Avelino, Cavalheiro Imperial da Ordem da Roza era filiado ao Partido Conservador e como tal, por ocasião da Revolução Liberal de 1842, os conservadores tinham o quartel destacamento no minúsculo Largo da Matriz de Sant’Ana das Lavras do Funil, comandado pelo Ten. Cel. José Fernandes Avelino. Sob seu comando recebeu a força do Exército Imperial, através do Cel. José Vicente do Amorin Bezzera, trazendo uma peça de artilharia.
Em 6.5.1842, assinava um ofício acusando ter recebido o cargo de Juiz Paz do Distrito do Carmo de Luminárias, do Presidente da Câmara Municipal da Vila de Lavras.
Fazenda Prepetinga herança do sogro de José Fernando Avelino |
Fazenda Saquarema vendida em 1868 para Gabriel dos Reis e Silva |
Tenente Coronel José Fernandes Avelino e sua mulher Maria Clara Umbelina vendem a Fazenda Saquarema |
Tenente Coronel José Fernandes Avelino e sua mulher Maria Clara Umbelina vendem parte da Fazenda Saquarema em 1864 para Manoel Antonio Teixeira |
1868 |
Família Francisco Rattis faz doação para o Patrimônio de Nossa Senhora do Carmo |
Assinam a escritura de doação: Tabelião Antonio Bonifacio Maciel Cônego José Joaquim de Souza Prefeito Antonio Pereira Chagas Testemunha: José Bernardino de Carvalho Testemunha: Antonio Reis Rezende |
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