O arquiteto e ambientalista José Pedro de Oliveira Costa desenvolveu, por volta dos anos de 1994, um estudo sobre Aiuruoca que focaliza o modo de vida do homem rural brasileiro e sua relação com o meio ambiente. Revestido de um admirável senso geográfico, nutrido de amor pela paisagem e dinamizado por sua visão histórica, traça as etapas do povoamento dos espaços além da Mantiqueira. A obra prefaciada por Antonio Candido e, editada pela EDUSP - Editora da Universidade de São Paulo - 1994, coloca no centro de tudo o homem, o grupo social, tratado com simpatia e compreensão, sem o vezo de formador de muitos que o veem como “objeto” de estudos.
Este o ponto de convergência entre o estudo de José Pedro de Oliveira Costa e nosso que, buscamos entender a realidade de nossos antepassados iluminando-os por dados simples, vivenciados por eles em seu dia-a-dia seu ambiente doméstico, como a sua comida, os seus hábitos de higiene, a sua maneira de construir e usar a casa, enquanto construtores de povoados, arraiais, aldeamentos e o presente estudo. Para nós que buscamos respostas em fontes documentais a única resposta que nos satisfaz é a da relação do homem aqui presente, nos idos anos do século XVIII, sua forma de articulação, a fim de responder ao impulso de tentar a vida em um País Colonial, independente de sua maneira de ver o mundo, e o de dar à sua família melhores condições de vida. Não há como não ligar as famílias pioneiras de, de formas diversas, por tempo determinado ou temporariamente fizeram parte da construção e dinamizaram esse espaço compreendido entre o Rio Grande e o Sapucaí e a saga do povo de Deus conforme lemos na Bíblia em Gênesis. Não foi a ocupação do sertão, Dourado e ou Desnudo que nos incentivou a busca, mas preencher em nós mesmos os alicerces de uma sólida construção interior com a presença de valores imateriais e perenes.
Embora as bandeiras tenham cortado a região já no século XVII, apenas no início do século XVIII seria realizada uma efetiva ocupação da área. Foi quando houve a transposição da serra Mantiqueira e os bandeirantes entraram no território mineiro. O que apreende ao estudar, por exemplo, as fazendas da barra e do Rio do Peixe, motivo de nossa última publicação é que as melhores terras torna se propriedade dos mais poderosos, enquanto os menos favorecidos se veem empurrados para terras mais íngremes e menos férteis, ou por outro lado, ao lado de picadas clandestinas. Por que Manoel Antonio Rates e Maria da Costa Moraes escolheram construir sua casa junto a CACHOEIRA, aos pés de um morro, num espaço denominado pelo professor Wanderley de Deserto Desnudo?
O processo de ocupação de Carmo da Cachoeira está baseado em estudos de muitos de seus filhos, de genealogistas como Denise Cassia Garcia, Apparecida Gomes do Nascimento Tomazelli, Ricardo Gumbleton Daunt, Ary Silva, Ary Florenzano, Monsenhor Lefort, Antonio Galvão Sampaio Terra, entre outros, no entanto, o espaço está pouco documentado, e os dados encontrados sobre a origem das propriedades remontam apenas até a última década do século XIX. Assim, algumas famílias, como o caso dos “Rezendes” de Carmo da Cachoeira, através de Luiz Eduardo Vilela Rezende; os “Vilelas”, através de Jorge Fernando Vilela; a família “Reis”, através de José Ovídio Reis; os “Terras”, através de Antonio Galvão; a família “Junqueira”, pesquisas realizadas por Marta Amato; e os “Dias Oliveira - Bueno”, através de Ary Silva.
Famílias essas que habitaram e que mantiveram relações fundiárias. Sua presença constante na área através de várias gerações, servem de fonte de tradição oral das informações estudadas por esses genealogistas. Nos casos acima citados, pelo zelo e amor a seus ancestrais mantêm em seus arquivos preciosos documentos.
Nossa mais profunda e eterna gratidão a estes verdadeiros guardiões de nossa história.
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