A festa de Cristo Rei, celebrada no final do mês de novembro, marca o término do ano litúrgico e a preparação para o Advento, o tempo de espera do Emanuel – Deus conosco. Nela, os cristãos manifestam sua fé em Jesus Cristo morto e ressuscitado e, por ela, a Igreja torna visível que todas as coisas possuem seu fim último no Filho de Deus. Por isso, participar de tal celebração é estar em comunhão com a comunidade eclesial que tem em Jesus Cristo seu único Senhor e Salvador.
São Paulo afirma, na sua primeira carta aos Coríntios: ainda que alguns sejam chamados deuses, quer no céu quer na terra, para nós não há mais de um Deus, o Pai, de quem tudo procede e para quem nós existimos; e um só Senhor Jesus Cristo, por quem são todas as coisas e nós também (1Cor 8, 5-6). O apóstolo, neste texto, aponta para o sentido do reinado de Jesus: Ele é o senhor de tudo e de todos, pois é o ungido do Pai, o criador de todas as coisas.
São Cirilo de Jerusalém, nas suas Catequeses Pré-Batismais, comenta:Jesus, sendo, na verdade, o Senhor, não recebeu a dignidade no curso do tempo, mas a tem por natureza. Não é chamado Senhor em sentido impróprio, mas o é na verdade. Pela vontade do Pai, é Senhor das próprias criaturas. Nós, ao contrário, somos senhores sobre homens que se nos igualam em honra e nas paixões (...). Sob nosso Senhor Jesus Cristo, o senhorio não é assim. Primeiro ele é criador, a seguir Senhor. Por vontade do Pai, primeiro criou todas as coisas, depois, domina sobre as coisas por ele criadas.
Este senhorio de Jesus, assinalado aqui por Paulo e Cirilo de Jerusalém, também foi entendido como o senhorio de um rei, ao longo da história do cristianismo. Ele, o Filho de Deus, era o messias esperado, o rei da linhagem de Davi que deveria retomar o Reino de Israel e instalar a paz, o rei dos judeus que iria libertar o povo do jugo romano. Esta concepção cristológica surge do diálogo entre Jesus e Pilatos, no qual o Mestre afirma que seu reino não é deste mundo. Por isso, Pilatos, após aprovar a condenação do Nazareno, mandou escrever um letreiro e pregá-lo no cimo da cruz, com o seguinte dizer: Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus.
Mais tarde, a Igreja desenvolveu tal tese afirmando que Jesus Cristo é o Rei do Universo, o Senhor de toda a criação. Plasticamente, essa concepção deu origem ao ícone do Pantocrator, imagem de Jesus glorioso que domina todas as coisas. E, na Igreja Ortodoxa, preferiu-se venerar tal ícone à imagem da cruz, que é o ponto central da fé dos católicos romanos. No entanto, tanto a cruz quanto a glória apontam para o mesmo Jesus, Senhor da História e Rei do Universo, no qual todos os homens obtêm salvação.
Por isso, neste final de ano litúrgico, agradeçamos a Deus pelos benefícios e graças que a todos nós foram concedidas. E mais: renovemos nossa fé no Cristo, Senhor e Mestre de nossas vidas, o Rei do Universo, que governa todas as coisas no amor e no serviço.
Seminarista Jean Steferson Pereira
1º ano de Teologia - COTESC
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