Todas as coisas da criação são filhos do Pai e irmãos do homem...
Deus quer que ajudemos aos animais, se necessitam de ajuda.
Toda criatura em desgraça tem o mesmo direito a ser protegida.
A vida de São Francisco foi uma obra de Deus e tudo o que fez, pregou e escreveu foi fruto da divina graça. De cada aspecto da sua existência, de cada palavra que escreveu até hoje emana a força do Espírito Santo. Ele alegrava-se na sua pequenez de criatura e abandonava-se confiantemente nas mãos do Criador. Em tudo foi o servo fiel e tudo fez por obediência ao Pai. Fez-se instrumento dócil e alegre nas mãos de Deus para que, através dele, a misericórdia divina viesse renovar a promessa de salvação trazida por Jesus. Deus fez tão grande obra por meio de Francisco, que muitos o colocam como um dos maiores ministros de Deus e edificadores da Igreja, depois da época de Jesus e dos Apóstolos.
O “Pobrezinho de Assis”, como era chamado, fiel seguidor de Cristo por quem ardia de amor, adotou o Evangelho como regra de vida, seguindo-o à risca e vivendo como Jesus viveu, sem ter onde reclinar a cabeça. Vivia alegre na pobreza, suportava de bom ânimo humilhações, ofensas e sofrimentos por amor ao Crucificado, cantava e louvava a beleza de toda a criação, e na vida foi a expressão máxima da fraternidade: tratava toda criatura como irmão. Dizia: irmão sol, irmã lua, irmãs estrelas, irmão vento, irmã água, irmão lobo, irmã cotovia, etc. Nenhum um ser, animado ou inanimado, ficava excluído da sua fraternidade que a tudo incluía na plenitude do seu amor cristão. Era tão verdadeira essa sua relação com a natureza em geral que até os animais silvestres lhe prestavam obediência e reverência, lembrando-nos que todos − seres humanos, animais, vegetais e minerais − somos criaturas de Deus, filhos do mesmo Pai e, portanto, irmãos.
Já muito enfermo e sofrendo dores contínuas, pouco tempo antes de sua morte, compôs o belo poema-oração “O Cântico das Criaturas”, onde, com o coração cheio de júbilo, convida todas as criaturas do universo a louvar o Senhor. Nesse cântico está descrita a essência do seu ministério: sua adoração à Altíssima Majestade, sua fraternidade toda inclusiva e sua amorosa cosmovisão, que a tudo via com os olhos do coração repleto de amor a Cristo, de humildade e gratidão por tudo, sempre com o espírito da alegria. Ele costumava dizer que ao servo de Deus nada deve desagradar senão o pecado...
São Francisco viveu como verdadeiro filho de Deus, reconhecendo e aceitando a autoridade do Pai, servindo em sua seara e sendo obediente a cada Palavra da boca de Deus. Suas pregações procuravam trazer à lembrança dos seres humanos a condição de filhos de Deus, para que como tais vivessem no amor e na lei de Deus, encontrando as tão almejadas paz e felicidade interiores. A condição de filho de Deus é crer no que Jesus ensinou, isto é, a vivência do Evangelho. São Francisco disse que, assim como os Apóstolos creram em Jesus como seu Senhor e Deus, vendo-o com seus olhos espirituais, assim também nós, vendo o pão e o vinho com os nossos olhos corporais, olhemos e creiamos firmemente que Ele está presente.
“Ele veio para o que era seu, e os seus não o receberam, e a todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus porque creram nele.” (Jo 1,11-12)
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