“O senhor fez da terra os medicamentos; o homem sensato não os desprezará.” (Eclo 38,4)
Como solo sagrado, o Planeta Terra dá testemunho do imenso amor de Deus por nós, gerando vida das mais diferentes espécies. Como boa mãe,a Terra está sempre preparada para alimentar, curar e abençoar todos os seres vivos. As plantas, por sua pureza e imenso poder de cura, em seu silêncio e doação, têm prestado muitos benefícios ao povo.
Há um dito popular que diz: “Onde há vida, há a presença do seu Criador”; portanto, a Terra toda é revestida de manifestações divinas, com presenças sagradas formando a ampla cadeia de vida interdependente e harmoniosa.
Homens que mantêm uma relação amorosa com todos os filhos da criação renovam a face da terra, ao preservarem suas vidas e zelarem pelas vidas que os cercam. Assim, a Terra vai se transformando conforme os desígnios de seu Criador, visando sempre à implantação do Reino de Deus.
Aqueles que se alimentam do Pão da Vida, presente na Sagrada Eucaristia, e que vivem a vida sacramental estão sendo fortalecidos em sua fé e entregam-se a vivência diante dos dons do Espírito Santo. É sendo alimentado e realimentado pelo sopro divino que são induzidas as atitudes, emoções, pensamentos e estados de ânimo corretos e que o mundo vai se transformando para melhor.
Se, hoje, muitos ainda não percebem a presença do irmão ao seu lado, como irão manter uma relação amorosa com os frutos da natureza? Há que se abrir conscientemente para a harmonia e a paz em Cristo Jesus. Se conseguirmos olhar para a natureza, veremos nos elementos que a compõem, como seres vivos e inocentes que são, o amor incondicional e a impessoalidade, a eterna harmonia e o desinteresse presentes no silêncio de seu existir. Essas bênçãos chegam para todos, através do Espírito, e são distribuídas nas mesmas proporções para todo o universo. O que acontece com o homem que, criado à imagem e semelhança de Deus, entra num estado de desarmonia e adoece? Adoece de corpo e alma. Falta-lhe a sintonia com os ensinamentos do Evangelho e a vivência desses mesmos ensinamentos que são, em síntese, uma vivência de amor, do amor que integra e gera harmonia, nada sobrando ou faltando no meio do povo.
Relatos feitos aos missionários durante visitas às casas apontam os usos e costumes tradicionais de ervas medicinais, no dia a dia das famílias. Elas estão escondidas nos quintais de muitas residências, tanto nas ruas do centro da cidade como na periferia. O uso de ervas medicinais e alimentos naturais é um desses bons costumes. Aqui na Paróquia Nossa Senhora do Carmo são muitas as famílias, de diferentes níveis sociais e econômicos, que adotam um estilo de vida respeitoso para com a natureza e para com seus irmãos, e manifestam, em sua forma simples e sincera de agir, a fraternidade e a solidariedade. Algumas agem assim movidas pela necessidade nascida da dificuldade para manter a própria vida; outras, pelo ideal de um crescimento espiritual e de uma vivência segundo o que ensina Jesus. Navegando nesse mundo de diversidades, seguem os missionários, visitando os moradores e usufruindo da bela visão de ver hortas e quintais forrados de verdes, perfumadas e curativas folhas.
Essas belas farmácias vivas não estão ali só para serem vistas. Quando se pergunta sobre elas, vêm ricas respostas que demonstram o conhecimento popular acumulado sobre sua utilização. Ao buscar ajuda e alívio para a dor em uma erva medicinal, o homem demonstra sua sensibilidade e opção pelo uso de formas menos agressivas de tratamento. É uma opção simples,natural e acessível a todos que deve ser difundida,à semelhança do que vez Jesus Cristo e os evangelistas que o seguiram.
“E ele mostrou um rio de pura Água da Vida, limpa como cristal, que brotava do trono de Deus e do Cordeiro, e corria para o centro da rua principal. De cada lado do rio cresciam Árvores da Vida, que dão doze cargas de frutos, com uma nova carga em cada mês; as folhas eram utilizadas como remédio para curar as nações.” (Ap 22,1-2)
Comentários