Estes trechos esclarecedores sobre os discípulos de Jesus chamados Tiago foram extraídos das Audiências do Papa Bento XVI. Os dados referentes a Tiago, chamado o Maior, são da Audiência Geral de 21/06/2006 e os que se referem a Tiago, o Menor, estão na Audiência de 28/06/2006.
Os elencos bíblicos dos Doze mencionam duas pessoas com este nome: Tiago, filho de Zebedeu, e Tiago, filho de Alfeu, que são distinguidos com os nomes de Tiago, o Maior e Tiago, o Menor.
TIAGO, O MAIOR
O apóstolo assim chamado é irmão de João. Ele pertence, juntamente com Pedro e João, ao grupo dos três discípulos privilegiados que acompanharam Jesus em momentos importantes da sua vida. Ele pôde participar, juntamente com Pedro e João, da agonia de Jesus no horto do Getsémani e presenciar a Transfiguração de Jesus.
Tiago, quando chegou o momento do testemunho supremo, não recuou. No início dos anos 40 do século I, o rei Herodes Agripa "maltratou alguns membros da Igreja. Mandou matar a espada Tiago, irmão de João" (At 12, 1-2).
Segundo uma tradição, o seu corpo teria sido transportado para a Espanha, para a cidade de Santiago de Compostela, lugar que se tornou objeto de grande veneração e ainda hoje é meta de numerosas peregrinações procedentes do mundo todo. É assim que se explica a representação iconográfica de São Tiago, que tem na mão o cajado do peregrino e o rolo do Evangelho, típicos do apóstolo itinerante e dedicado ao anúncio da "boa nova", características da peregrinação da vida cristã. Com São Tiago podemos aprender a disponibilidade para testemunhar Jesus com coragem, se for necessário, até o sacrifício supremo da vida. Sua vida é exemplo de adesão generosa a Cristo. Ele que, inicialmente, tinha pedido, através de sua mãe, para se sentar com o irmão ao lado do Mestre no seu Reino, foi precisamente o primeiro a beber o cálice da paixão, a partilhar com os Apóstolos o martírio. TIAGO, O MENOR Também faz parte das listas dos doze Apóstolos escolhidos pessoalmente por Jesus e é especificado como "filho de Alfeu". Era originário de Nazaré e provavelmente parente de Jesus, o qual, à maneira semítica, é considerado "irmão".
O livro dos Atos ressalta o papel preeminente desempenhado por este Tiago na Igreja de Jerusalém. No Concílio apostólico ali celebrado depois da morte de Tiago, o Maior, ele afirmou que os pagãos podiam ser acolhidos na Igreja sem antes terem que se submeter à circuncisão.
Em nome deste Tiago, além do apócrifo Protoevangelho de Tiago, que exalta a santidade e a virgindade de Maria, Mãe de Jesus, está particularmente relacionada à Cartaque tem o seu nome. No cânone do Novo Testamento ela ocupa o primeiro lugar entre as chamadas "Cartas católicas", isto é, destinadas não a uma só Igreja particular — como Roma, Éfeso, etc. — mas a muitas Igrejas. Trata-se de um escrito bastante importante, que insiste muito sobre a necessidade de não reduzir a própria fé a uma mera declaração verbal ou abstrata, mas de expressá-la concretamente em obras de bem. "Assim como o corpo sem alma está morto, assim também a fé sem obras está morta".(Tg 2, 26)São Tiago fala das obras como fruto normal da fé: "a árvore boa dá bons frutos", diz o Senhor.(Mt 7, 17)
Sua carta é um rico manancial de ensinamentos práticos do que é ser cristão. Entre outras coisas, ele convida-nos a aceitar alegremente as provas e à constância na oração para obter de Deus o dom da sabedoria, graças ao qual chegamos à compreensão de que os verdadeiros valores da vida não consistem nas riquezas transitórias, mas antes em saber partilhar a própria vida com os pobres e necessitados.
Há muito que aprender na carta de Tiago. Comecemos atendendo ao apelo que ele faz a todos os membros da Igreja de Cristo, de abandonarmo-nos nas mãos de Deus em tudo o que fazemos, pronunciando sempre as palavras: "Se o Senhor quiser" (Tg 4, 15).
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