O Óbolo de São Pedro é uma coleta realizada nas Igrejas católicas, no dia da Festa de São Pedro e São Paulo, ou no domingo próximo a essa Festa, destinada à Santa Sé, para cobrir as carências da Igreja universal e as obras da caridade papal. Muitas dioceses pobres, institutos religiosos, obras de evangelização e pessoas vivendo em grande penúria são ajudados através desses donativos ofertados pelos membros da Igreja. Quem contribui para essa coleta anual está ajudando, muitas vezes sem saber, irmãos que vivem muito distantes, a superar graves dificuldades, como: exilados, migrantes, vítimas de guerras, de terremotos e outros desastres naturais, crianças abandonadas, pobres e doentes marginalizados, etc. Através da mão generosa de todo cristão espalhado pelo Planeta, o Santo Papa pode realizar essa caridade sem fronteiras, tão cara ao coração de Jesus.
O Papa Bento XVI, em sua primeira Encíclica Deus Caritas Est, de 25/12/2005, expressou que A Igreja nunca poderá ser dispensada da prática da caridade enquanto atividade organizada dos crentes como, aliás, nunca haverá uma situação onde não seja precisa a caridade de cada um dos indivíduos cristãos, porque o homem, além da justiça, tem e terá sempre necessidade do amor (n.º 29). O programa do cristão – o programa do bom Samaritano, o programa de Jesus – é “um coração que vê”. Este coração vê onde há necessidade de amor e atua em consequência (n.º 31).
Dom Eurico dos Santos Veloso, Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, exprime assim esse “coração que vê”: A prática da caridade, mandamento máximo do Senhor, tem diversas formas de expressão no coração que lê no próximo, no seu irmão, a sua angústia e a sua necessidade, como no exemplo que Jesus nos deixou na parábola do Bom Samaritano e na expressão de sua própria vida: “Tenho pena deste povo que há tantos dias me segue” e no gesto supremo de dar a sua própria vida (artigo publicado na revista “Parare vias Domini”- Preparai os Caminhos do Senhor, n. 37, julho de 2008, p. 13).
O Papa João Paulo II, falando sobre a dádiva da caridade ao Círculo de São Pedro, em 28/2/2003, disse: Conheceis as crescentes necessidades do apostolado, as carências das Comunidades eclesiais especialmente em terras de missão, os pedidos de ajuda que chegam de populações, indivíduos e famílias que vivem em precárias condições. Muitos esperam da Sé Apostólica uma ajuda que, muitas vezes, não conseguem encontrar em outro lugar. Vistas assim as coisas, o Óbolo constitui uma verdadeira e particular participação na ação evangelizadora, especialmente quando se consideram o sentido e a importância de partilhar concretamente as solicitudes da Igreja universal.
Nasceu com o cristianismo primitivo o bom costume de sustentar em comum as atividades missionárias e caritativas da Igreja de Jesus Cristo. Mas foi no século VIII, que surgiu a contribuição anual ao Bispo de Roma, de forma estável, por iniciativa do povo anglo-saxão, após sua conversão. Chamada de Denarius Sancti Petri (Esmola para São Pedro), essa prática logo se difundiu entre os países da Europa. E, em 1871, o Papa Pio IX institucionalizou o Óbolo de São Pedro na Encíclica Saepe Venerabilis, na forma como hoje é praticada pela Igreja do mundo todo.
Retornando ao artigo do Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, acima citado, Dom Eurico finaliza, dizendo:
São Paulo, dirigindo-se aos Coríntios (cf. 2Co 9,7) nos exorta:
”Que cada um dê conforme decidiu em seu coração, não com tristeza ou por obrigação, pois Deus ama a quem dá com alegria”.
Pertencemos a uma comunidade que crê, que vive a sua fé na união fraterna da caridade e que recebeu de Deus a missão de levar a Boa Nova ao mundo. Dentro dessa conscientização, devem ser recebidas com alegria todas as iniciativas e atividades que nos levem a vivê-la. As comemorações de São Pedro e de São Paulo são um momento propício para essa reflexão e decisão de nos integrar nas iniciativas eclesiais, contribuindo para o exercício de sua missão.
Pedro e Paulo, colunas mestras da Igreja, entregaram-se de corpo e alma ao anúncio da fé e estabeleceram os fundamentos da Igreja visível, para que ela continuasse seus trabalhos que irradiavam sua paixão pelo Mestre. Selaram com seus sangues este amor e deixaram-nos a firmeza da doutrina e o seu exemplo, para que continuemos a obra redentora até a consumação dos séculos. Agradeçamos, no dia da Festa de São Pedro e São Paulo, pelo seu trabalho e com eles glorifiquemos a Deus em nossas vidas. Que São Pedro e São Paulo abençoem a todos, por suas dádivas generosas à Igreja de Cristo!
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