Para tratar disso, é preciso primeiro falar sobre dois pés indispensáveis que sustentam essa prática.
1° A Missa ou Eucaristia
A Missa, como celebração de Cristo e do povo de Deus, é o centro de toda a vida cristã para a Igreja tanto local como universal, bem como para cada um dos fiéis. Nela culmina toda a atividade da comunidade e é a ação pela qual Deus, em Cristo, santifica o mundo. Nela são comemorados, ao longo do ano, os mistérios da Redenção, de tal forma que eles se tornam sempre presentes. Todas as outras ações sagradas e obras da vida cristã estão relacionadas com a Missa; foi para isso que Cristo instituiu o sacrifício eucarístico do seu Corpo e Sangue, paixão e ressurreição (Missal Romano). Na noite em que ia ser entregue, ele tomou o pão, deu graças, partiu-o e deu a seus discípulos, dizendo:
Tomai todos e comei: isto é o meu corpo, que será entregue por vós. Do mesmo modo, ao fim da ceia ele tomou o cálice em suas mãos, deu graças novamente e o deu a seus discípulos, dizendo:
Tomai todos e bebei: este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim.
Nessa ocasião, Jesus celebrou a primeira missa: é a maior, a mais completa e a mais poderosa oração da qual dispõe o católico.
2º A Família: lugar do perdão e da festa
É no convívio familiar que construímos a nossa identidade. Nela somos educados para o amor gratuito, perdoamos e recebemos perdão, alegramo-nos com os pequenos acontecimentos que nela têm lugar. Na família tecemos relações incondicionais; nela a vida encontra um norte e a esperança ganha sentido. Diante de uma sociedade alienada pelo prazer e demente pelo dinheiro, a família ainda é um grito profético contra o alcoolismo e contra todos os demais pecados que ferem a dimensão sacral da pessoa humana. Enfim a família é o santuário da vida humana.
Estamos em vias de preparação para celebrar a festa da Nossa Padroeira Nossa Senhora do Carmo. Nos últimos anos, temos tido a alegria e o privilégio das Missas serem celebradas nas casas. Esse acontecimento é de grande importância para a comunidade paroquial. A Santa Missa é rezada nessa “pequena igreja doméstica”, onde acontece a reunião dos membros da família. É uma oportunidade de reunir parentes, amigos, vizinhos, além de toda a comunidade paroquial que para ali converge a fim de juntos celebrarem a memória de Nosso Senhor na sagrada Eucaristia e, assim, expressar a existência cristã de maneira especial na vida comunitária.
Jesus pediu que seus discípulos permanecessem “unidos em seu nome”. O livro dos Atos dos Apóstolos traz dois belos testemunhos sobre a vida da primeira comunidade cristã: “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2, 42). E ainda: “a multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma”.
É recomendável que as famílias contempladas pelo sorteio, e que terão Missa celebrada em sua residência, se preparem bem, vendo com antecedência as leituras, definindo os leitores; se for necessário, é só pedir a ajuda de outras pessoas experientes, até mesmo da equipe de liturgia. O ambiente deve ser bem preparado. Isto não significa casa grande nem mobília sofisticada, mas sim um local acolhedor, arranjado de maneira simples e harmoniosa, com todo o carinho que a celebração da vida de Jesus merece. Deve-se também convidar as pessoas para participar; não convém dizer: ah! Todo mundo sabe, não vem quem não quer. É bom lembrar que na data marcada, na casa daquela família sorteada, terá lugar um grande acontecimento – o maior da vida cristã, como foi dito acima: a celebração da Santa Missa, o grande milagre da Eucaristia! Ali, naquela solenidade sagrada e festiva, realizada na intimidade de um lar cristão, no aconchego de uma fraterna comunidade, nós também, unidos em oração, formaremos um só coração e uma só alma em Cristo.
Irmã Benedita Maria de Jesus
Congregação das Filhas de N. S. Stella Maris
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