“Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas Alturas!”
Aclamado, Jesus entra em Jerusalém. A Procissão de Ramos abre a semana que marca profundamente a vida cristã.
Foram muitas as procissões que aconteceram durante os sete dias dessa semana. Caminhamos, subindo e descendo morros, cantando, rezando, ofertando a Deus nossos sacrifícios, em pura entrega e doação. Certamente, enquanto o grupo caminhava, cada um de nós estava sendo transformado pela força do amor manifestado; transformados no mais profundo do nosso ser pelo poder e pela graça da misericórdia divina.
Caminhávamos com a fé de que, no final de cada procissão, não seríamos mais os mesmos, que estaríamos mais iluminados e prontos para reconhecer em nós as transformações que deveremos realizar. Isto foi o Encontro. Santo Agostinho já dizia que nossa alma andaria inquieta até o dia em que viesse a encontrar repouso em Deus. Nossa alma, por sua natureza, anseia o convívio com Deus. Essa fusão de nossa alma com Deus é que representa a Procissão dos Passos.
Neste dia, plagiando Santo Agostinho, dizemos:
“Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! E eis que estavas dentro de mim e eu fora, e aí te procurava. E eu, sem beleza, precipitava-me nessas coisas belas que tu fizeste. Tu estavas comigo e eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti aquelas coisas que não seriam se em ti não fossem. Chamaste, e clamaste, e rompeste a minha surdez; brilhaste, cintilaste, e afastaste a minha cegueira; exalaste o teu perfume, e eu respirei e suspiro por ti; saboreei-te, e tenho fome e sede; tocaste-me, e inflamei-me no desejo da tua paz”.
(Confissões de Santo Agostinho, 27.38)
Celebrações como a Vigília Pascal e a Benção do Fogo Novo; missas como a do Ressuscitado e a de Nossa Senhora da Alegria, a do Lava-Pés e a Ceia Pascal; Vias-Sacras; confissões; adoração ao Santíssimo Sacramento; sermões; a cerimônia do descimento de Jesus da cruz; foram todas marcadas pela presença maciça dos fiéis. Sem dúvida, fomos invadidos por sensações e sentimentos novos após a vivência de todo o cerimonial dessa grande semana.
Na celebração da Ceia Pascal, fomos lembrados de que Jesus não veio para destruir a lei, mas sim para transformá-la. São João escreveu: ”Foi para ficarmos livres que Cristo nos libertou. Continuai, portanto, firmes e não vos deixeis prender de novo no jugo da escravidão.” (Gl 5,1) A lei que nos comprometemos a observar na nova aliança estabelecida por Cristo é a lei perfeita de liberdade.(Tg 1,25) O Êxodo leva-nos a valorizar essa liberdade para que, libertos por Cristo, lutemos pela libertação de nossos irmãos.
Cristo, por amor, enfrentou a cruz. Quanto a nós, peçamos coragem para contemplá-la com fé e amor, e que possamos assumir a mesma atitude de Jesus, solidarizando-nos com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados do direto à dignidade. Teremos nós a coragem de denunciar tudo que gera ódio, divisão, medo? Teremos a ousadia de aprender com Jesus a entregar a vida por amor? Jesus Cristo enfrentou a cruz e Deus o ressuscitou no terceiro dia.
Neste “novo amanhecer” somos convidados a ver Jesus Cristo e a encontrá-lo no exercício da vida sacramental. Lembremo-nos da solenidade que tivemos a oportunidade de vivenciar durante a Vigília Pascal do Sábado Santo: foram momentos muito significativos, com a benção do fogo novo, que simboliza Cristo Ressuscitado, a LUZ que ilumina o povo que vivia nas trevas do pecado. O Círio Pascal significa que o Senhor está ressuscitado. Ele é a própria luz e nós cristãos devemos ter o entendimento de que devemos viver diante dessa luz. Devemos nos lembrar que a morte não tem primazia sobre a vida, que Jesus foi o primeiro a mostrar isso e que nós iremos fazer o mesmo, ao seguir o Ressuscitado. Os grãos de incenso cravados no Círio Pascal simbolizam as chagas de Jesus e lembram-nos que fomos redimidos e somos dignos de acolher a graça.
Padre André, em sua homilia, exortou os féis: “Hajamos como verdadeiros filhos da luz.” E alertou que “preces de pessoas amargurosas não chegam a Deus; nosso coração deve estar dirigido para a LUZ e, se nós nos perdermos no caminho, deixemos que o Senhor nos encontre e mude nossa vida, nossa história. Entreguemo-nos ao Amor do Cristo Ressucitado e abençoado.”
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