No sítio Gamarra, município de Baependi, Sul de Minas Gerais, nasceu Manoel Francisco Maciel, no dia 24 de maio de 1912, tendo por pais José Francisco Maciel e Tereza Luiza da Conceição e como irmãos Antonio Bonifácio Maciel, Maria Escolástica Maciel, Maria Madalena Maciel, João Evangelista Maciel, Maria Salomé Maciel, Rita Juliana Maciel, José Silvestre Maciel, Domingos Francisco Maciel e Ana Francisca Maciel. Sua infância foi no sítio, onde fez os primeiros estudos. Depois foi para o Seminário Menor, em Campanha e, mais tarde, para o Seminário Maior, em Mariana.
Foi ordenado sacerdote em Baependi, no dia 28.11.1943, com muita festa, onde foi servido até um jantar. Trabalhou alguns meses nas cidades de Serranos e Carvalhos, até ser nomeado Vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Carmo, de Carmo da Cachoeira, em 02.05.1944, por ato do Reverendíssimo Bispo Diocesano Dom Inocêncio Engelk OFM, sendo secretário do Bispado o Revmo. Padre José do Patrocínio Lefort. Sua posse ocorreu em 09.05.1944 e permaneceu à frente de nossa Paróquia até maio de 1965, quando foi transferido para a Paróquia de Nossa Senhora de Mont Serrat, de Baependi.
Durante os 21 anos como pároco de Carmo da Cachoeira, ele muito sonhou e realizou, para melhorar o nível de vida dos cachoeirenses. Seus ideais de pastor abrangeram todas as fases da vida de seus paroquianos. Para as crianças, ele fundou a Cruzada Eucarística, infundindo aí uma catequese firme, direcionada ao amor a Jesus Sacramentado. As crianças eram incentivadas a participarem diariamente das Santas Missas realizadas às 7 horas da manhã, da recitação do terço às 18 horas e das atividades da catequese. O Ramalhete Espiritual oferecido a Jesus mensalmente mostrava o crescimento espiritual das crianças.
A coroação de Nossa Senhora, no mês de Maio, era uma festa muito linda e marcante no coração de crianças e adultos, sentimento que até hoje perdura.
Preocupado com a vida social e comunitária das crianças, criou espaços recreativos para a prática de esportes e jogos (ping-pong, vôlei, xadrez, jogo de damas, futebol, etc.). Abriu a Casa Paroquial para elas brincarem e aprenderem os valores morais, educacionais e sociais cristãos (por exemplo: respeito aos pais, às autoridades, às pessoas mais velhas e ao próximo). As meninas ainda aprendiam a bordar.
Fundou o Clube Agrícola, onde as crianças eram ensinadas a plantar, cuidar e colher as hortaliças, que depois eram vendidas às pessoas da cidade. Ensinava-lhes também o bom uso do dinheiro: como poupar e no que gastar o ganho obtido das hortaliças.
Para os jovens, havia os movimentos da Ação Católica que os engajavam na Igreja: o JOC (Juventude Operária Católica), o JEC () e o JUC (Juventude Universitária Católica). Todos eles incentivavam os jovens à prática da religião e à dedicação aos estudos.
Graças aos contínuos estímulos do Cônego Manoel, muitos jovens passaram a estudar nos internatos da região, como: Santo Inácio de Baependi, Lourdes e N. Sra. Aparecida de Lavras, Sion e São João de Campanha, Santos Anjos e Maristas de Varginha e São Luiz de Três Pontas. Foi movido por esse objetivo de promover educação para os jovens que ele se uniu a um grupo de pessoas da comunidade para a construção e funcionamento da atual Escola Wanderley Ferreira de Rezende.
As jovens pertenciam à Pia União das Filhas de Maria e os jovens aos Congregados Marianos, onde se dedicavam ao culto à Virgem Maria e eram preparados para ser catequistas e para serem os organizadores das coroações. Quanto aos adultos, eram chamados a ingressar no Apostolado da Oração e nos Congregados Marianos.
Cônego Manoel costumava acompanhar com zelo ardente, autoridade e rigidez as reuniões e a conduta dos fiéis, tanto em seu atuar na igreja como em sua vida familiar e comunitária. Sua preocupação pastoral estendia-se às comunidades rurais, onde era acolhido carinhosamente para a celebração da Eucaristia. Naquela época, havia as capelas de São Bento Abade, Santo Antônio da Estação, da Mata, Serra Rica, Pouso Alegre, Córrego das Pedras e Palmital.
Firme em sua meta espiritual de evangelização, ao mesmo tempo em que organizava grupos, tentava levantar fundos para estruturar espaços físicos destinados à realização de encontros comunitários. Tinha consciência de que, para evangelizar, fazia-se necessário administrar bem os recursos humanos, financeiros e materiais. Seu estilo é lembrado pelos cachoeirenses: reunia pessoas, em especial crianças, para orar, brincar, estudar o Evangelho, fazer leituras espirituais, assistir filmes edificantes, cantar, louvar, plantar, conforme a pedagogia da época. Aplicava correções fraternas, quando necessárias. Cônego Manoel, assim, ia construindo consciências e prédios.
Ressaltamos alguns eventos marcantes de seu paroquiato em Carmo da Cachoeira:
• Missões Redentoristas, conduzidas juntamente com o Padre Virgilio, trouxeram muitas conversões, casamentos e confissões, primeiras-Eucaristias de adultos e a implantação do Cruzeiro, no alto do morro, onde está até os dias de hoje. O Cruzeiro foi levado nos ombros pelos cachoeirenses e constitui um símbolo cristão muito venerado em nossa cidade.
• Entronização dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria nas casas, pelos Padres dessa Congregação. Realizou-se com muita festividade (banda de música, coro, orações, procissões, etc.).
• Serviço de Alto Falante instalado no alto da torre da Igreja Matriz, foi um meio de comunicação muito avançado para a época, causando grande admiração na população.
• Construção do Salão Paroquial, onde funcionava o cinema e eram realizadas as atividades artísticas, teatros e formaturas; na parte inferior do salão funcionava um jardim da infância.
• Construção da Sede da Banda Paroquial em frente ao Grupo Escolar Pedro Mestre, local que serviu também para ensinar música a muitos jovens, com professores vindos de Lavras e Três Corações.
• Televisão: o primeiro aparelho receptor da cidade foi instalado na Casa Paroquial. Conforme o livro Tombo III, o aparelho era propriedade do Cônego Manoel.
A seriedade e a retidão com que administrava o dinheiro arrecadado para as diversas obras que realizou são elogiadas pelo Senhor Bispo Diocesano Dom Inocêncio Engelke OFM, pelo Chanceler do Bispado Cônego José do Patrocínio Lefort e por Dom Othon Motta, conforme consta no livro do Tombo III e no livro Fábrica.
Em seu relatório final, o Reverendíssimo Cônego Manoel, às folhas 54, Tombo III, diz : “deixo a Paróquia enriquecida com o Apostolado; boa Pia União; boa Congregação Mariana; bons catequistas; Conferência Vicentina e uma Cruzada Eucarística formada com as melhores crianças e zelosos coroinhas.”
Terminando este relato comemorativo do centenário de nascimento do Cônego Manoel, queremos lembrar a miséria da nossa humana condição, de sermos todos pecadores e precisarmos do perdão dos homens, nossos irmãos, e da misericórdia de Deus. Para isso, ressaltamos as palavras de São Paulo aos Colossenses (3, 12-14): “Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós. Mas, acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição.”
Se alguém tiver algo contra o Cônego Manoel, em Nome de Jesus, pedimos que o perdoe e ore por ele. Deus se alegrará com isto!
Ao Cônego Manoel: nosso reconhecimento, nossa gratidão e nossas orações!
Comissão pró Centenário de Nascimento do Reverendíssimo Cônego Manoel Francisco Maciel
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