Jesus a caminho do calvário. Que fez Ele para carregar essa pesada cruz até o topo do monte? Que fez Ele para ser condenado à morte, se os condenados a morte eram os piores assassinos da época? Mas tudo aconteceu para que se cumprisse a escritura: “odiaram-me sem motivo” (Jo.15,25).
Seria porque eu disse: “destruam esse templo e eu o reconstruirei em três dias”? ( Jo.2,19).
Ou seria porque João Batista a me ver disse que eu sou o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo?
Ou ainda porque eu curei em dia de sábado, como foi o caso da mulher encurvada? (Lc.6,6).E o caso da mão direita seca? (Lc.6,6)
Jesus está a caminho do Calvário porque quebrou um tabu e sentado ao poço de Jacó, conversou com a Samaritana, oferecendo-lha uma água diferente, que dela bebendo nunca mais teria sede?
Jesus a caminho do Calvário só porque purificou o templo dizendo: minha casa é casa de oração, e não um covil de ladrões?
Jesus a caminho do Calvário porque disse que no Reino dos Céus os últimos serão os primeiros?(Mt.20,16).
Jesus a caminho do Calvário porque perdoou a mulher adúltera dizendo: mulher eu também não te condeno, vá e não peques mais?
Pois é meu Senhor. Condenaram-te à morte e a tua cruz é cada vez mais pesada por causa dos meus pecados. E hoje ainda os homens fazem festa com a tua cruz. Colocam-na em todos os lugares. Encontramo-la nos túmulos dos cemitérios, como também nas repartições públicas.Nos tribunais onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde as sentenças são vendidas e compradas.Nas câmaras legislativas ,onde a corrupção é a moeda mais forte.Em delegacias ,cadeias e quartéis onde os pequenos são constrangidos e torturados.Em prontos socorros e hospitais onde pessoas pobres morrem sem atendimento. Se uma pessoa morre num acidente, lá está ela e ainda mais, serve até de enfeite.
Mas subiu o Calvário carregando apenas o patíbulo e cada vez que caia não tinha em que apoiar e lá ia com o rosto em terra. E não caiu apenas três vezes como rezamos na via sacra. Caiu inúmeras vezes e precisou ser ajudado por Simão Cireneu. Cuspiram em teu rosto. Maltraram-no. Chicotearam-no. E foi capaz de dizer às mulheres que chorando o acompanhavam: mulheres de Jerusalém: “Não choreis sobre mim, mas sobre os vossos filhos”. E hoje, quantas são as mães que choram pelos filhos que vivem encharcados nas bebidas ou nas drogas? Quantas são as mães que choram porque seus filhos foram adotados pelo tráfico? Quantas são as mães que choram porque seus filhos, não escutando seus conselhos, tomaram rumos diferentes na vida e hoje dormem nos presídios ou em cadeias? Quantas são as mães que choram porque seus filhos estão desempregados?
Jesus subiu o Calvário e encontrou com sua mãe, que mais uma vez guardou silenciosamente em seu coração o que estavam acontecendo com o seu amado filho. E quantas vezes guardou tudo em silêncio. Oh! Virgem das Dores!
Era uma moça muito bem educada por Joaquim e Santana. Freqüentadora assídua das Sinagogas, conhecia as escrituras. Aos quinze anos foi visitada pelo anjo Gabriel, dizendo a ela que foi a escolhida para ser a mãe do Salvador e ao anjo fez a pergunta:
Como isso vai acontecer se não conheço homem?
Mas foi capaz de dizer sim ao projeto de Deus.
Passado nove meses, lá estava ela procurando um lugar para dar à luz o seu filho, pois, não estava em Nazaré, mas sim em Belém da Judéia para o recenseamento, ordenado pelo imperador Augusto, e não encontrando lugar, foi parar numa estrebaria. O berço do Menino Deus foi um coxo, para dizer ao mundo, que aquele menino serviria de alimento para todos.
Certamente voltaram para Nazaré, mas eis que se completaram os dias da purificação e pela lei deveriam levar o menino ao templo, para ser apresentado ao Senhor e lá estava Simeão, homem justo e piedoso, que tomando Jesus em suas mãos, disse a Maria Ssma.: Este menino será causa de queda e de elevação para muitos em Israel. Será um sinal de contradição. E quanto a você, uma espada de dor atravessará a sua alma.
Quando Jesus completou doze anos subiram a Jerusalém para festa da Páscoa, e na volta, pensando estar o menino na caravana, e não o encontrando, Maria e Jose voltaram. E onde o encontraram? Entre os doutores. E quando o avistaram, não só ficaram emocionados como escutaram dele: por que me procuravam? Não sabiam que devo cuidar das coisas de meu Pai? E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e graça diante de Deus e dos homens, enquanto Maria conservava todas as coisas em seu coração. ( Lc.2,41-52 ).
Tudo a senhora guardava silenciosamente em seu coração. E como é uma mulher e mulher tem o dom aguçado da intuição, certamente teve muitos pressentimentos. E aí no Calvário, agora encontrando o amado filho, todo esfarrapado, um trapo humano, abandonado, ultrajado, todo dilacerado, evidentemente lembrou-se daquelas palavras do velho Simeão: uma espada de dor atravessará a sua alma. E que espada! Melhor morrer que ver o filho carregando uma pesada cruz rumo ao topo do monte, onde seria crucificado.
Se a gravidez se deu aos quinze anos e já são passados trinta e três, é uma mulher de cinqüenta anos. Mas não tem mais José, o justo, para apoiá-la.
Quem poderá consolá-la, oh! Virgem das Dores, Filha de Sião? Mas pensem meus caríssimos irmãos: Maria é toda dor, toda tristeza, mas é uma mulher de força.
É uma mulher sofrida. Sofrida mas cheia de graça. Sofrida mas querida do povo pobre. Sofrida mas elegante. Sofrida mas mãe. Sofrida mas rainha.Sofrida mas fiel ao Senhor Deus.
Neste encontro o Filho contempla a mãe e mãe contempla o Filho. Dois olhares se fundem num só. Dores que também se fundem. Amores que se tornam coesos. Mas será que um dia se separaram? Aí eles se encontram porque o Filho precisa da companhia da mãe.
Contemplemos essas duas imagens e tenhamos consciência que precisamos nos converter cada vez mais. Que precisamos retirar das nossas vidas: o orgulho, a vaidade, o egoísmo, o pecado. Que precisamos nos aproximar da perfeição e nos tornarmos santos.
Lembremo-nos que Jesus e Maria nunca se separaram. Que somos nós que precisamos encontrar Jesus e Maria, para que tenhamos compromisso de buscar o Cristo dos Evangelhos, nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, na vivência de fé em comunidade, valorizando a Igreja Católica, Apostólica, Romana.
Deus é fiel. Ele não desiste de nós. Nós não podemos desistir de Deus que sempre esteve presente em nosso meio,principalmente em nossos irmãos. E que saibamos viver a paixão do Senhor, tendo compaixão do irmão que sofre a exclusão social principalmente.
Estamos apenas no meio do monte. Ainda falta outra metade da montanha. Renovemos a esperança de que Cristo ressuscitará. Renovemos a esperança que com Ele venceremos a dor, o sofrimento, as lutas e os trabalhos da vida. E assim como Jesus precisou da mãe para chegar ao cume da montanha, nós também, dela precisamos para vencer na vida. Rogai por nós Santa Mãe de Deus. Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos, porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.
Diácono Adilson José Cunha
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