Se você cultiva as amizades, jamais estará abandonado.
Este é o caminho inverso e o que neutralizará o conjunto de hábitos estabelecidos durante o século XX, com a impressão de que são inevitáveis e não modificáveis. Fixou-se um sistema de vida individualista, mecanicista, com valorização crescente das máquinas no lugar da pessoa humana.
Hoje, sempre que possível, tudo é feito sem a presença das pessoas, sem os olhos nos olhos, acarretando condutas subservientes, sem possibilidade de alternativas.
Se você atrasa uma prestação ou tem problema com um cheque, estará, automaticamente, nas listas de restrição de crédito. Não haverá nenhuma consulta, ninguém olhará para o imprevisto que aconteceu ou para o desemprego que surgiu. Nada de emoções humanas, apenas o rigor previsto do funcionamento das máquinas.
No século XX, recém findo, as pessoas foram induzidas a praticar os seus atos sem a intervenção da vontade ou da inteligência. Criaram-se hábitos e estilo aceito por quase toda a população, inclusive em cima de necessidades artificiais. A moda dirige boa parte das decisões.
Somos transformados em passivos serviçais dos interesses da minoria dominante.
Mas, a amizade não deixa haver coisas impessoais. Amor implica em haver um concreto objeto de devoção. Não se ama imagens esfumaçadas, indefinidas. Amo alguém ou algo que está perfeitamente delineado na minha mente.
Se máquinas ou ordens distantes, afastadas da minha realidade, comandam a minha vida.
Se eu luto, apenas, para subir acima dos outros, para me transformar num complemento de alguma geringonça tecnológica, fico vulnerável e submisso, isolado e abandonado ao bel prazer do sistema.
Se tenho amizades, entretanto, somo esperanças, construo futuros melhores e quanto mais cresce o círculo de amizades, mais os pensamentos comuns se fortalecem e mais chances haverão para o mundo mais humano, um lugar melhor para se viver.
É incrível, mas, assim, você jamais sentir-se-á abandonado.
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