"Não sois escolhidos. Sois iguais".
O mundo não pode ser dividido entre "escolhidos" e "criaturas sem alma".
Os que se colocam como "escolhidos", por motivos religiosos, sociais ou econômicos, julgam que não precisam ter nenhum sentimento, nem respeito pelas "criaturas", as outras que não estão no seu rebanho de "escolhidos". Julgam que elas não têm alma, não têm capacidade, não são da sua sociedade ou não estão incluídas no "mercado", por isso podem ser menosprezadas, desprezadas e até escravizadas.
Saber-ser é reconhecer a equidade de todos os seres humanos.
O brasileiro, da Nação do Sol, com sua raça cósmica, sem discriminações, não é um "escolhido", mas pode ser o exemplo do convívio multi racial.
Com seu espírito místico, há no brasileiro todas as condições para mostrar à humanidade o conviver em simbiose - em que cada um contribui para que o todo seja melhor do que cada uma das partes -, mostrar a vida em conjunção - respeitando a natureza e transformando o mundo num lugar bom para todos viverem - e a equidade - em que há a certeza de que a minha vida crescerá em todas as suas potencialidades e a vida dos outros terá a sua potencialidade respeitada.
Saber-se é não se sentir "escolhido", com o direito único de usufruir da natureza, do mundo e de suas benesses.
Saber-se é o verdadeiro viver humanístico, que pode haver em toda a alma humana.
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Texto anterior: A felicidade e o senso de justiça.
Comentários
Os jovens, ante as condições de vida apresentadas nos dias atuais, merecem um preito de admiração, por conseguirem construir uma personalidade de valor mesmo com muita adversidade e sem exemplos.
Observe-os no ambiente das maiores às menores favelas, dos bairros mais esquecidos, submetidos à gigantescos contrastes de informações, modo e expectativas de vida.
Sofrem um assédio permanente, dos meios de comunicação, que os deslumbram com muitas cenas de conforto e luxo - artistas em banhos de espuma, belas casas, lindas mesas postas para refeições, carros, viagens, lugares lindos. Seus olhos pousam na realidade, ao seu alcance. Uma casa malfeita, pequeníssima, em que é difícil toma um banho, ir ao banheiro é um extremo desconforto e as refeições são feitas com um prato na mão, sentado na ponta de uma cama, num banquinho ou na soleira da porta, pois falta espaço para uma linda e enfeitada mesa, sem falar na promiscuidade, pois num diminuto quarto dormem crianças e adultos.
Jovem, receba o aplauso e a admiração por sua luta na busca de um caminho digno!
No seu ambiente a quem admirar?
Como valorizar o pai, humilde operário, que sai na madrugada, volta à noite cansado e tem dificuldades para prover a sua casa até de alimentos?
Entretanto, proliferam exemplos de coragem, a mais admirada das virtudes, pois não deixa de ser coragem um jovem arriscar a vida nos tiroteios das guerras do tráfico. Coragem é vencer o medo, qualquer que seja a situação e a motivação.
Para ele toda propaganda veiculada destaca o sucesso, o aparecer nos meios de comunicação, apontados sempre como exemplo de vencer na vida.
E o jovem tem um pai que é a antítese do sucesso na vida, pelos padrões dominantes. Vê os mais velhos "barbarizando", aparecendo nos meios de comunicação, enquanto não são colhidos pelas malhas da lei ou pela morte. Desfilam como bem sucedidos com carro, mulheres e dinheiro, tudo salpicado por manifestações de coragem no enfrentamento das adversidades e dos policiais.
Agrava o contraditório na mente jovem o fato de que, de uma maneira geral, os policiais não aparecem nos noticiários como corajosos, mas com a imagem de violentos, arbitrários e de exemplos que não devem ser seguidos. A quem interessa a veiculação de notícias dessa forma? Até nas revoltas de presidiários a atuação policial é inferiorizada e passam a sensação geral de que os revoltosos são quase heróis, vítimas da sociedade, quando todos estão cumprindo punições por graves delitos.
E podemos perguntar: Qual a grande fonte de empregos nestas regiões?
Há uma incrível população que consegue edificar nos mais íngremes morros, fora de todos os regulamentos e modelos urbanísticos.
Nestes ambientes os jovens estão, permanentemente, numa luta ferocíssima, mentes cheias de expectativas e realidade de poucas perspectivas. A ida ao baile pode acabar em refrega. Por todo o lado há intimidações.
Como ter o jovem conscientizado de que as suas dificuldades de vida são orquestradas por uma minoria que controla o sistema financeiro do mundo?
A falsa solução imediata é viver a agressividade em que cada um arranca o seu dinheiro da maneira que puder.
Já pensaram no drama dos pais, mais vezes da mãe que cria sozinha este filho, para educá-lo?
Se o direcionar para ser gentil, atencioso, educado, será agredido, usado, transformado em joguete nas mãos dos outros. Se o fizer atrevido, agressivo, combativo, por certo estará entre os destaques da marginália.
a escola tem acesso difícil e não ensina ao jovem o que ele carece para enfrentar este seu mundo. A igreja não catequiza e os partidos políticos não politizam, dominados, apenas, pelas freses de efeito e a conquista de cargos, em usufruto próprio dos seus membros.
O jovem navega, no seu início de vida, num turbilhão de ondas em que fica difícil uma rota humanística.
O que realmente atua é um sistema de comunicações jogando padrões de consumo inatingíveis, iludindo-o pela colocação em pedestais de sucesso artistas, modelos, atletas raros e exceções artificiais, dificultando, assim, que o jovem estruture uma personalidade voltada para a formação humanística.
Alerta, jovem! Há que saber entender o mundo. Pequeno e grande são apenas escalas diferentes da mesma coisa.
Na favela, há a população explorada sem oportunidades de trabalho e muito desvalorizada.
No mundo, temos os países explorados e, em todos, há uma minoria exploradora.
Como poderemos mudar isto?
A tarefa da nova geração de jovens brasileiros não é pequena - é a de tomar este País em suas mãos e fazer dele a nação justa e próspera que tem condições de ser.
Somente uma hiper-revolução pessoal, com a consciência do que tem acontecido no mundo, poderá servir de ponto de partida para irradiar, para a comunidade, as idéias que criarão uma pressão social suficiente para fazer do mundo um lugar bom de se viver, neste século XXI.
CORAGEM É VENCER O MEDO, QUALQUER QUE SEJA A SITUAÇÃO E A MOTIVAÇÃO.