Tântalo, rei da Líbia, certo dia, A visita dos deuses recebeu E provar sua divindade ele queria, Em repasto, o próprio filho ofereceu. E esse seu gesto insano, imponderado, A cólera de Júpiter mereceu. No Tártaro, ele foi precipitado, Pela sede e pela fome devorado, Eis o suplício a que fora condenado.
Tu mereces, ó Tântalo, esse suplício! A tua culpa hás de levar contigo! Expia a culpa, e aceita o teu castigo!
Mas eu, pobre mortal, só tive um sonho, Nada quero provar e a nada me proponho, Provar não quero minha divindade, Pois, sou apenas mísera criatura, Que sonhou um dia com a felicidade, Quando provou, dos olhos teus, essa doçura. Meu crime, minha doce desventura É esse amor sem esperança, essa amarga delícia. É querer e não receber tua carícia.
É encontrar-me sedenta, em meio ao rio, É um raio de sol sentindo frio, Um pomar repleto de dourados frutos, Que, ao tentar colhê-los, fogem-me abruptos. Hei de levar comigo esse suplício! Expio minha culpa, aceito o sacrifício!
Trecho da obra: Encontros e desencontros de: Maria Antonietta de Rezende
Projeto Partilha - Leonor Rizzi
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