Uma expedição punitiva partiu do Arraial dos Buenos, que se situava na freguesia das Lavras do Funil, e se dividiu em grupos, a fim de exterminar de vez com os quilombos de toda esta região. A expedição chegou às Lavras do Funil e de lá prosseguiu viagem, no dia 27 de agosto de 1760.
Os expedicionários atacaram e destruíram o chamado Quilombo Queimado. Em 30 de setembro de 1760, chegaram ao local chamado de Boa Vista, hoje pertencente a Campos Gerais, próximo ao Quilombo das Araras, na realidade, Quebra-Pé. No percurso, atravessaram um ribeirão, ao qual deram o nome de ribeirão das Araras, cujas nascentes ficam nas proximidades do Quilombo das Araras, já mencionado no Século XIX, por Cunha Matos¹, decorre da proximidade do povoado com o ribeirão acima citado. Seguiram os expedicionários, em direção ao povoado dos aquilombados e lá encontraram 80 casas. Os moradores do aldeamento eram negros fugidos, alguns livres e até mesmo brancos foragidos da justiça. O quilombo foi aniquilado. Nelson de Senna denomina este quilombo de Bateeiros.
Terra Mineira, Imprensa Oficial, 1926
Próxima matéria: O comerciante Antônio Zeferino da Rocha.
Matéria Anterior: Rita Maria Luiza de Oliveira, a Rita do Pasto.
1. CHPMG, Vol. I, 122, Ed. Itatiaia/EDUSP.
Comentários
A Tomada do Sapucaí e Sertões do Jacuí
Termo lavrado pelo secretário Cláudio Manoel da Costa dá conta de que a tropa saiu "de Vila Rica no dia 15 de agosto e, de São João Del Rei, a 5 de setembro (de 1764), em direitura aos novos descobertos de São João do Jacuí, São Pedro de Alcântara e Almas, que distam da mencionada vila de setenta e uma léguas, com as passagens do rio Grande, onde faz barra o do Sapucaí, de que passaram aos de Cabo Verde (...) e destes para os do Ouro Fino, (...) depois (...) nas vizinhanças do rio Jacuí, registro das "Alandá", Sapucaí, Campanha do Rio Verde, Baipendi, Pouso Alto, Registro do Capivari e, deste, pela serra da Mantiqueira até o Arraial do Tajubá, do que voltaram ao mesmo Capivari "portriam" uma estrada pela capitania seguindo a Itaoca, cabeceiras do rio Grande, Ibitiboca, de que desceram pelo dito rio Grande até a ponte chamada Cachoeira com mais de três meses de marchas; e trezentos e sessenta e seis léguas de caminhos (...) (verbete n.6714 do IMAR/MG, Cx.84, Doc.47, do AHU.
Apesar da tentativa de insinuar a presença mineira e a ausência paulista no território esbulhado, a ata de Cláudio Manoel da Costa acaba deixando registros das variadas estradas, pontes, portos e picadas conectados a São Paulo que Luiz Diogo procurou impedir, destruir e fechar, senão vejamos:
a)"não havia caminho algum que guiasse às Minas de Itajubá, senão atravessando dois dias pelo distrito de São Paulo";
b) "e saindo desviados do Arraial do Itajubá na distância de três léguas, encontrando o rio Sapucaí de fácil navegação em qualquer parte dele, (...) se achavam os contrabandistas em Minas e afora delas";
c) "mandando-se cegar aquela saída que em menos de um ano até ignorada ficaria, abrindo-se a dita estrada franca ao Registro de Capivari";
d) "E seguindo pela Juruoca ao sítio chamado de Francisco da Costa, nas vizinhanças da serra da Mantiqueira, (...) se tinham aberto picadas, (...) o conde de Bobadela, mandando-lhe emboraçar, desbarrancam a patrulhar a boca da picada, acharam que esta estava totalmente impedida (Verbete n.6714 do IMAR/MG, Cx.84, Doc.47, do AHU.
Lembramo-nos, com a dra. Laura de Mello e Souza, de que quando juntava gente para perseguir os quilombolas, José Antônio Freire de Andrade enfrentou seríssimo problema de deserção, "pois as pessoas 'se haviam refugiado por casas, fazendas e lavras dos moradores desta capitania para não irem à dita expedição (Desclassificados do ouro, p.171)".