Isto foi o que me contou o Zé Benjamin. Não sei se era verdade ou pura invencionice mas o fato é que, no dia seguinte, lá estava na parede do bar-pastelaria esta coisa:
Aos meus fregueses
Não pesso a ninguém dinheiro
Nem quero que me dê dado;
Pra salvar meus compromissos,
Só me basta receber o fiado.
O fiado me dá pena,
A pena me dá cuidado;
Pra livrá de inimizade
Não devo vender fiado.
Ingrato não é o povo:
Ingrato é meu coração.
O fregueis pede fiado
E eu não sei dizer não.
Dei um balanço na casa
Pra ver o que tava ganhando;
Quando olhei o tal fiado,
Já vi as portas fechando.
Fregueis tem dó de mim
Vem ver sua conta e pagar,
Que eu sou pai de família
E tenho fio pra criá.
As últimas palavras que falo
Discrimina minha vida,
Mais tenho fé em Deus
Que sarvo as conta perdida.
Muitos anos já se passaram depois que tudo isto aconteceu. José Benjamim de Oliveira antigo craque do futebol cachoeirense, daqui se mudou há muito, mas as quadrinhas acima, realmente feitas por ele, ficarão gravadas neste livrinho despretensioso, par que , ainda mais viva, permaneça entre nós a sua lembrança.
Prof Wanderley Ferreira de Rezende
trecho do Livro: Gaveta Velha.
Próximo trecho: A Bem-aventurança dos que choram.
Trecho anterior: Crisélia leva Zé Benjamin para a Fonte Hipocreme.
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