Ah! Como eu queria Colher o teu sorriso E, num cofre de ouro Eu guardariaEste tesouro, E dele faria Meu paraíso!
Ah! Vendo-te assim, Despreocupada e leda, Considero o mistério da vida E minha alma perscruta e se queda Na escuta, embevecida.
Criança! Com que véu de inocência Teceu-te um dia o Criador! Por que hás de perder, um dia, o fulgor?
Silêncio! A criança brinca! Não lhe negue o direito De ser criança!
Silêncio! A criança sonha! Que nesse sonho Nada se interponha!
Cuidado! A criança é pura! Cuida, pois dela Com muita ternura!
Cuidado! A criança é um ser eleito! Cuida dela, Com amor e respeito!
Cuidado! A criança é indefesa! Protege-lhe a vida, Guarda-lhe a pureza!
Projeto Partilha - Leonor Rizzi
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A Razão da Rima
Se eu dissesse, VERBI GRATIA, assim:
Era uma vez, um mestre de Latim,
Que lecionava, apenas para mim,
Que parecia mais um querubim,
Com seu perfume doce de jasmim,
Você iria acreditar em mim?
Era uma vez, um grande Mandarim,
Que percorria as ruas de Pequim,
E apaixonou-se por uma gueixa chim,
E uma guerra começou enfim.
Agora conto, tintim por tintim,
A razão de tanta rima ruim:
É que sou um poeta chinfrim
E que não passo de um arlequim.
Que vivo sempre presa nesse SPLEEN.
E vou mandar um ramo de alecrim,
A esse amor que já chegou ao fim.
Uma sorridente criança de três anos se alegra com a aproximação de uma senhora.
Quer coca? Pergunta à criança.
"Coca" é oferecida como a delícia das delícias, prêmio e cortesia para agradar à criança.
Ali, há uma evidente simpatia e, é lógico, as emoções que envolvem a criança são agradáveis, prazerosas. Será reforçada por várias situações de felicidade, alegria e brincadeira - coca nos aniversários, coca nas festinhas dos amigos, coca nos almoços de família aos domingos.
No ouvido interior "memória" de todos nós estão gravadas as vibrações que representam a palavra, envolvidas pelas auréolas de prazer ou desprazer dos momentos em que se fixaram.
As vibrações que representam a palavra "pancada" em geral trazem conotações de dor, as de "limão" se associam à azedo, "abraço" à ternura e amizade. "Coca" está na memória da criança como sinônimo de coisa boa. Assim, a palavra vai estimulando o uso crescente da coca.
Hoje, criança, amanhã será adolescente.
Que reações serão criadas no subconsciente, do agora adolescente, ao chegar em sua memória do ouvido interior uma oferta "coca" que não é o refrigerante?
Por que, para agradar às crianças, não oferecem leite ou uma fruta? Há tantas e deliciosas! Manga, pitanga, abio, jabuticaba, goiaba, ameixa. Há uma distorção nos valores das coisas. Uma mistura de água, gás e um xarope misterioso pode ser um "prêmio" para uma criança e não uma fruta, por exemplo. Seria mais natural, mais saudável e não teríamos nenhum distúrbio com a memória do ouvido interior, na adolescência.
Prudência é saber antecipar consequências.