Sobre Domingos José Garcia, a genealogista Denise Cassia Garcia¹ diz:
Domingos José Garcia, batizado em 1795² e não 1792³, Casou-se com Vicência Cândida Cezarino. O inventário de Domingos José Garcia foi feito no Cartório do Segundo Ofício de Lavras, Minas Gerais, em 1864, sendo inventariante, a viúva, Vicência Cândida Cezarino. Aproximadamente 15 anos depois, faleceu Vicência, sendo também inventariados os seus bens no mesmo Cartório, em 1879, sendo inventariante, Raphael Soares da Costa (Rafael Soares da Costa). Não tivemos acesso a nenhum dos dois inventários, por motivos expostos anteriormente, mas sabe-se que o casal teve dez filhos. Domingos José Garcia também consta na Lista dos Cidadãos do Curato de São João Nepomuceno (Município de Nepomuceno, Minas Gerais), de 19 de dezembro de 1831 e, a julgar pelo seu registro de batismo, deveria estar com 36 anos de idade e não com 40, conforme consta.
Projeto Partilha - Leonor Rizzi
Próxima matéria: José de Moraes Raposo.Artigo Anterior: Espólio de dona Fancisca Maria de Jesus.
2. Livro 1 suplemento, pág. 187 - Casa Paroquial de Lavras - Minas Gerais.
3. conforme Ricardo Gumbleton Daunt.
Comentários
TERESA DE MORAES era irmã e ÂNGELA DE MORAES RIBEIRO (Morais) (Ribeira), nascida em 1717 em São João del Rei e falecida da PARAGEM DO RIO GRANDE. Ângela é a mãe de JOSÉ JOAQUIM GOMES BRANQUINHO da Fazenda BOA VISTA, sede do Distrito de Carmo da Boa Vista, Município de Lavras do Funil.
Januário Garcia Leal, segundo documentos encontrados por Dr. Marcos Paulo de Souza Miranda, e publicado às p.55/56 de sua obra, Jurisdição dos Capitães, pode ter recebido, através de heranças, as terras do SITIO VENTANIA, hoje, Município de Alpinópolis. A mulher de JANUÁRIO GARCIA LEAL, dona Mariana Lourença de Oliveira passou em cartório o seguinte documento:
"Digo Eu abaixo assinada Mariana Lourença de Oliveira, que meu marido o Capitão Januário Garcia Leal há mais de três anos se ausentou desta Capitania e por não haver notícias alguma deste e por sermos senhores e possuidores entre os mais bens que possuímos, bem assim o somos de um sítio denominado VENTANIA e PONTE ALTA, cujo sítio é composto de terras de cultura, capoeiras e matas virgens e campos, e cujas terras partem pela parte do Norte com Antônio José da Silveira e seu irmão Joaquim da Silveira Duarte principiando no ribeirão dos Cancans pelo caminho velho acima até o espigão e pelo espigão acima até o alto do morro dos Penteados (Topônimo alusivo à família Penteado, de grande expressão na região e à qual pertencia o padre João Rodrigues Penteado, primeiro pároco de São Sebastião da Ventania) e do dito morro descendo a um grotão fundo e por ele abaixo até a barra do Capetinga e pelo dito córrego da Capetinga abaixo até a Conquista, partindo com a fazenda da Prata e pelo ribeirão acima até a ponta da serra do Quilombo Queimado e dali pelo cume da serra até o ribeirão dos Cancans por onde divisa com o Capitão Thomé Soares Coelho e pelo ribeirão abaixo, partindo com terras do Alferes JOSÉ JUSTINIANO DOS REIS cujo sítio mandei avaliar pelos louvados abaixo assinados e juntamente com terreiro, muros, lavras, roças, rego de águas e ranchos de capim, que tudo louvaram em preço de duzentos e noventa e dois mil réis, coberta a avaliação trezentos e vinte réis, e porque o dito meu marido ficou devendo e devemos ao Alferes José Justiniano dos Reis a quantia de cento e oitenta e dois mil e trezentos e trinta e cinco réis e também cem mil réis ao Capitão JOSE ALVES DE FIGUEIREDO, e por ele meu marido deixar determinado que pagasse estes credores com toda a prontidão a custa de nossas fazendas, por ser dinheiro de primos e porque não havia nenhuma conveniência para se pagar estas dívidas faço doação do dito SÍTIO VENTANIA ao Alferes José Justiniano dos Reis em seu pagamento e ficando este obrigado aos cem mil réis acima declarados ao dito Capitão José Alves de Figueiredo, e o resto que são nove mil seiscentos e sessenta e cinco, recebi ao fazer esta e desde já lhe dou toda a posse, domínio, jus e ação que tenho do dito sítio para que o dito comprador possa possuir, desfrutar, alienar como suas próprias que ficam sendo de hoje para sempre e me obrigo a fazer esta doação boa a todo o tempo quando preciso for na meação que me tocar (...).
Pedi e roguei ao Capitão Thomé Soares Coelho que este por mim fizesse e assinasse, presentes as testemunhas e louvados. Hoje, Fazenda da Ventania, 25 de novembro de 1806. Assino a rogo da doadora Maria Lourença de Oliveira. Thomé Soares Coelho. Como testemunha e louvado Eduardo Alves Barros. A rogo da testemunha e louvado Manoel Jorge Medeiros. José Garcia Leal. Como testemunha e louvado Antônio José Pena. Como testemunhas João Inácio Cabral e Joaquim Ferreira".
O CAPITÃO MATEUS LUIS GARCIA.
Mateus Luís Garcia, nasceu em Carrancas, Minas Gerais, e aos 11 de junho de 1764 casou-se em Aiuruoca com FRANCISCA MARIA DE JESUS, filha de José Martins Borralho, natural de São Vicente de Alfena, Portugal; e de Teodora Barbosa Lima, natural de Lorena-SP; neta paterna de Manoel Antônio e de Isabel Martins Borralho, naturais de São Vicente de Alfena, Bispado do Porto; e neta materna do Sargento-Mor Francisco Barbosa Lima, natural da cidade de São Paulo; e de dona Maria de Andrada, de Jacareí-SP (GUIMARÃES, José de. As Três Ilhôas, v.2,t.2,p.1209-1210).
Mateus afazendou-se na Freguesia de Lavras, onde recebeu sesmaria de meia légua em quadra no ano de 1784. Foi pai de numerosa família. É considerado o fundador da cidade de Nepomuceno, pois em terras que doou para construção de uma capela dedicada a São João Nepomuceno surgiu um pequeno arraial que deu origem à cidade de que tratamos.
Em 24 de maio de 1803 recebeu de Bernardo José de Lorena, Capitão-General da Capitania de Minas Gerais, carta patente do posto de Capitão do Distrito de São João Nepomuceno, então pertencente ao Termo da Vila de São João del-Rei (APM, SC297,p.282,v-283). Já havia ocupado o posto de Alferes anteriormente.
Januário Garcia Leal, seu tio - Matheus Luís Garcia e seu irmão caçula, Salvador Garcia Leal, então Capitães de Milícias foram os responsáveis pela retaliação.
Sobre o alferes Salvador Garcia Leal, Dr. Marcos Paulo de Souza Miranda, em sua obra, Jurisdição dos Capitães, p.103/104, diz:
O ALFERES SLAVADOR GARCIA LEAL
Salvador Garcia Leal nasceu por volta de 1768, em São Bento do Tamanduá. Casou-se em 10 de outubro de 1786 com Isabel Teodora da Conceição, natural de São João del-Rei, filha de José Cardoso de Mesquita e de Maria das Candeias. Residiu em Lavras e posteriormente em Casa Branca.
Em 27 de outubro de 1802 recebeu de Bernardo José de Lorena, Capitão-General da Capitania de Minas Gerais, carta patente do posto de Alferes da Ordenança do DISTRITO DE CABO VERDE, Termo da Vila da Campanha do Rio Verde (APM, SC297,p.227,v.228).
Em agosto de 1813, o alferes Salvador Garcia Leal e seu irmão, Sargento-Mor José Garcia Leal, requeriam em São José do Mogi-Mirim, em São Paulo, a medição e a demarcação das terras que haviam obtido por carta de sesmaria (CAMPESTRINI, Hildebrando. Santana do Paranaíba,p.119). Em 28 de dezembro de 1816, os irmãos fizeram a divisão amigável da referida sesmaria, ficando José Garcia Leal com a Fazenda da Graça e Salvador Garcia Leal com a Fazenda da Vargem Grande. Tais propriedades situavam-se em território compreendido hoje pelos municípios de Vargem Grande do Sul-SP (SANTANA, Benedito. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Mato Grosso do Sul,p.138).
Em 30 de setembro de 1823, o Alferes Salvador Garcia Leal fez seu testamento de última vontade, que se encontra arquivado no Cartório do Primeiro Ofício de Mogi-Mirim, em São Paulo. Nas disposições de última vontade deste homem ficaram demonstrados, mais uma vez, a retidão de sua conduta e o brilhantismo de seu caráter. Em seu livro História de São João da Boa Vista, a historiadora paulista Maria Leonor Álvares da Silva conta que em seu testamento Salvador Garcia Leal pede ao testamenteiro que pague uma dívida de dez mil réis a uma pessoa cujo nome simplesmente havia esquecido. A determinação resultou do seguinte fato: Salvador permutou um cavalo por uma mula e voltou dez mil réis, pois o animal que havia adquirido valia mais. Acontece que Salvador não tinha dinheiro para fazer o pagamento na hora e o homem então ficou de procurá-lo para receber a quantia posteriormente. Não apareceu mais, mas Salvador não esqueceu da dívida e antes de morrer pediu ao seu testamenteiro que a resgatasse!
Esses fatos servem bem para confirmar a idoneidade moral de Salvador e corrobora nossa afirmação anterior no sentido de que OS GARCIAS eram homens de bem e os atos que cometeram certamente tinham por fonte um motivo muito sério, a ponto de desviar-lhes a conduta pacata e regrada.
1- Capitão Diogo Garcia da Cruz, nascido em 1772, casado com Inocência Constança de Figueiredo, dotação 138$000, a saber: um escravo de nome Joaquim Angola - 130$000 e uma espingarda velha - 6$000, total de 136$000.
2- Mariana Luiza do Espírito Santo, casada com José da Silva Coelho - dotação 600$000 (este casal deixou 6 filhos).
3 - Francisco Luiz Garcia, com 55 anos de idade, casado, depois do falecimento dos pais, com Luzia Inácia da Silva, sendo inventariado a 17-7-1850, em Batatais (São Paulo) com o seguinte título de herdeiros, além da viúva inventariante: Joaquim José Garcia, de 35 anos; Sebastião José Garcia, de 33 anos; Francisco Antônio Pereira, por cabeça de casal, pois era casado com dona Maria Rita; Manuel Tomaz Garcia, de 30 anos; Manuel Francisco de Lima, por casal, pois era casado com dona Maria Rufina; Francisco Tomaz Garcia, de 26 anos; José Luiz Garcia, de 23 anos; Cândido Antônio Garcia, de 21 anos (Segundo Ofício, maço 1, 1850; pesquisas do prof. Francisco de Paula Santos).
- José Luiz Garcia, batizado a 1 de novembro de 1775 em Aiuruoca casado com Escolástica Maria de São José - Dotado 136$000 (este casal deixou 3 filhos).
- Alferes Mateus Luiz Garcia, batizado a 5 de setembro de 1782, em Espírito Santo dos Coqueiros, hoje Coqueiral, casado com Isabel Flausina do Nazaré - dotado 100$000 (com 7 filhos).
- Genoveva Inácia de Jesus, batizada a 21 de dezembro de 1783, em Coqueiros, casada com Inácio Moreira Alvarenga - dotação 250$000 (sem geração).
- Antônio Carlos Garcia, batizado a 25 de julho de 1786, em Coqueiros, casado com Ana Custódia de Jesus - dotado 130$000 (este casal deixou seis filhos).
- Manuel Tomaz Garcia, batizado a 9 de outubro de 1786, em Dores do Pântano, hoje, Dores da Boa Esperança, casado com Silvéria Vila Boas - dotação 136$000 (com descendência).
- Domingos José Garcia, batizado em 29 de novembro de 1792, casou depois do falecimento de seus pais, com Vicência Cândida Cesarino com 10 filhos.
- Maria Luiza do Espírito Santo casou com o Alferes Manuel Gomes de Lima; dotação 282$000 (o casal deixou dois filhos).
- Joaquim José Garcia, batizado na Capela de Santo Antonio do Amparo, em 1794, falecido a 16 de novembro de 1841, deixando bens em que se habilitaram seus irmãos.
- Teresa Luiza Garcia, batizada a 3 de março de 1794, gêmea com Joaquim José Garcia, falecida na infância.
- Júlia Maria da Caridade, falecida solteira, com avançada idade.
- João Luiz Garcia, batizado aos 16 de setembro de 1795, na Capela do Rio Grande, casado com Francisca de Paula Guimarães - dotação 120$000 (este casal deixou nove filhos).
Caixa 1847
Inventariante Francisco Machado de Azevedo.
Francisco Machado de Azevedo, cunhado e inventariante do Pe. Joaquim Leonel de Paiva e Silva, foi casado com Prudenciana Umbelina de Paiva. Filhos do capitão Antonio de Paiva e Silva e Ana Antonia de Brito. Netos paternos de Domingos de Paiva e Tomásia Maria da Silva; netos maternos de Maria de Moraes Ribeira e Antonio de Brito Peixoto.
Documento encomendado pelo Projeto Partilha.
Transcrição: Edriana Aparecida Nolasco
Fl.01
Inventário dos bens do falecido Reverendo Joaquim Leonel de Paiva e Silva quem é o testamenteiro e Inventariante - Francisco Machado de Azevedo.
Data - 02 de novembro de 1847
Local - São João del Rei
Fl.03
DECLARAÇÃO
E logo declarou o inventariante que o inventariado falecera no dia vinte e oito de maio do corrente ano de mil oitocentos e quarenta e sete, com Testamento solene (...)
Fl.03v
HERDEIROS
01- Plácido Manoel de Paiva, casado morador em São Sebastião do Jacuí;
02 - Francisco Joaquim de Paiva, solteiro, com trinta e três anos morador em São Sebastião. Termo de Jacuhy.
03 - José Maria Barbosa, casado morador em São Gonçalo. Termo de Campanha.
04 - Dona Cândida Ribeira de Paiva, casada, o nome de seu marido ignora, moradora em São Pedro de Alcântara. Termo da Vila do Arachá.
Fl.04
DIVIDAS ATIVAS
-José Maria Barbosa 507$865
-Joaquim Leonel de Paiva 1:585$332
-Antonio Machado 678$652
-Antônio Cândido 1:237$498
-Francisco de Sales 64$000
-Antônio de Araújo Lobato 214$161
-Theresa Vitória de Jesus 115$396
-Joaquim Francisco de Souza 600$000
-Francisco Machado 2:034$998
-Domingos Theodoro 2:000$000
-José Venâncio de Carvalho 200$000
-Manoel Moreira da Silva 500$000
-José Maria Barbosa 400$000
-Marçal 496$000
Fl06
TESTAMENTO
Em nome de Deus. Amém.
Eu o Padre Joaquim Leonel de Paiva, abaixo somente assinado estando em meu perfeito juízo determino fazer o meu Testamento e o faço da maneira seguinte:
Sou natural e batizado na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Carrancas, filho legítimo do capitão Antonio de Paiva e Silva e dona Ana Antonia de Brito, ambos já falecidos, e portanto não tenho herdeiros necessários, tanto ascendentes como descendentes.
Rogo queiram ser meus testamenteiros em primeiro lugar a meus sobrinhos e afilhados Francisco Machado de Azevedo, e José Procópio de Azevedo, ambos unidos em um só corpo; em segundo lugar a meus sobrinhos Joaquim Leonel de Azevedo e Francisco Eugênio de Azevedo unidos, (...).
Determino que logo que eu falecer, meu corpo envolto em Hábito sacerdotais e em decente caixão seja sepultado em Cemitério ou adro mais vizinho (...)
(...)
Fl.06v
Declaro que tendo constituído o meu patrimônio em terras que possuía na Fazenda do Engenho que hoje não me pertence por ter aberto mão das ditas terras em troca de outras que fiz com meu cunhado o Tenente Francisco Machado de Azevedo constituindo hoje meu patrimônio em dinheiro equivalente.
Declaro que sendo meus sobrinhos Francisco Machado de Azevedo e Joaquim Leonel de Azevedo meus devedores de algumas quantias de dinheiro que lhes tenho emprestado é minha vontade deixá-lhes o prazo de quatro anos para satisfação desta quantia em pagamentos anuais e iguais e isto não tendo pago em minha vida.
(...)
Fl.07
Cumpridas as minhas disposições conforme determino instituo herdeiros dos remanescentes em igual parte a Plácido Manoel de Paiva, a Francisco Joaquim de Paiva, a José Maria Barbosa, a Cândido Ribeiro, exposto em casa do Alferes Leandro Ribeiro da Silva.
(...)
(...)roguei ao senhor José Carlos Nascente que o escrevesse e como testemunha o assinasse (...)
Carrancas, 02 de setembro de 1845.
Padre Joaquim Leonel de Paiva e Silva.
Fl.08
SUBSCRITO
Testamento do Padre Joaquim Leonel de Paiva morador na Freguesia de Carrancas (...)
Fl.08
ABERTURA
Certifico que aos vinte e oito de maio de mil oitocentos e quarenta e sete me foi apresentado este Testamento (...) com que faleceu o Testador Padre Joaquim Leonel de Paiva...
REPOUSO
Finda o dia.
Aos poucos, vão buscando os seus ninhos
E vão-se aconchegando, buliçosamente,
A revoada leda dos passarinhos.
Vem a noite.
À mesa, a família se reúne
E, depois da ablução e do perfume, Encontra, na ceia apetecida,
O repasto, que refaz as forças
E o repouso feliz da sua lida.
Vem o sonho.
E, no sonho, penetro em teu quarto.
Vejo teus discretos movimentos
E minha alma atenta estremece.
A cabeça se inclina docemente
E a boca, levemente entreaberta,
Murmura breve e comovente prece.
Sinto, no ricto de tua boca, a expressão
Feita num doce e doloroso corte
Do beijo dado na veemência louca
E daqueles que, apesar de querer tanto
Neguei, deixando o amargo desencanto
E um gosto de saudade em minha boca.
Todo o sonho sinto envolto na casta assepsia.
Sinto, porque te amo e te acompanho
E te sigo, na dor e na alegria.
Tu vais sempre embalado comigo,
Não sei se és meu amor ou meu amigo.
E depois,
Sondo os segredos do teu corpo amado,
Quanto me sinto envolta nos teus braços,
Sinto-te as mãos nas minhas enlaçadas,
No doce afago que também te faço.
Sinto teus olhos tão negros, tão profundos,
De uma luz e fluidez tamanha,
Que nenhum encanto neste mundo,
Me encanta mais, quando esse olhar me banha.
HOJE, é hoje com o peso de todo o tempo ido,
com as asas de tudo o que será amanhã,
hoje é o Sul do mar, a velha idade da água
e a composição de um novo dia.
À tua boca elevada à luz ou à lua
se acresceram as pétalas de um dia consumido,
e ontem vem trotando por sua rua sombria
para que recordemos teu rosto que morreu.
Hoje, ontem e amanhã se comem caminhando,
consumimos um dia como uma vaca ardente,
nosso gado espera com seus dias contados,
mas em teu coração pôs sua farinha o tempo,
meu amor construiu um forno com barro de Temuco:
tu és o pão de cada dia para minha alma.