Vamos ouvir o que Thomazelli registrou em sua obra, como resultado de buscas que situa dona Maria Teresa de Jesus, madrinha de Dona Anna Francisca do Valle.1
Descendência de Joanna Maria da Conceição Gomes Nascimento, filha filha de João Gomes Nascimento, o Patriarca da Família. Segunda filha de João Gomes do Nascimento, dona Joana Maria da Conceição e seus descendentes constituem o ramo que foi morar em São Tomé das letras e daí se expandiu por localidades diversas, já bastante misturado às famílias das redondezas.
Acreditamos que dona Joana tenha ido para aquela região não muito tempo depois de seu casamento com Ignácio Gomes da Rocha. São Thomé não passava, então, como não passa ainda hoje, de um conglomerado de casas de feitio antigo, amplas, os muros de pedras sobrepostas, situado bem no cimo da Serra das Letras, a cerca de 1.400 metros de altitude. Ao redor, nas lombadas, extensas fazendas foram sendo formadas, embora a Serra seja toda ela rocha viva, na base gneiss e micachito e, na parte superior, quartzo granular conhecido pelo nome de Itacolomito.
A pequena cidade - uma vila a bem dizer, - parece-nos, atravessou os séculos estacionária, ora subordinada a Lavras, ora a Campanha, ora a Três Corações ou a Baependi. Hoje2, com mais de quatrocentos habitante, com divisas com Três Corações, Luminárias, Cruzília (Encruzilhada) e Baependi, é município independente. Há tempos que não figura nos mapas oficiais do Estado, embora tenha o seu nome em mapas rodoviários. É que ela, cuja economia atual se assenta nas conhecidas pedras mineiras com as quais nossa gente muito aprecia para enfeitar as casas, começa a apresentar grande atração turística.
O nome de São Thomé das Letras e o da própria Serra provêm, segundo as lendas, de inscrições de cor vermelha encontradas em pequena gruta situada ao lado da Igreja. Nessa gruta, foi achada escondida uma imagem de São Tomé, talvez o próprio autor das inscrições enigmáticas. Há quem julgue que tais inscrições poderiam ser pinturas feitas por índios. Quanto a nós, somos propensa a crer serem elas de autoria dos negros escravos que fugiam das fazendas circunvizinhas, que formavam quilombos nas grutas e que teriam usado para gravá-las um musgo vermelho - líquen ou celidônio, próprio da região. Ninguém jamais conseguiu decifrar tais sinais que, talvez, pudessem ser classificados como cabalísticos. Os escravos eram revoltados e tinham o coração quase sempre cheio de ódio. Mas, na verdade, inscrições semelhantes, segundo autores abalizados, existem no mundo inteiro, indecifradas. Julga-se com boa razão que sejam marcas feitas pelos índios, que, sabemos eram nômades.
O início do povoamento, de acordo com pesquisas levadas a efeito por Monsenhor José do Patrocínio Lefort, Chanceler do Bispado de Campanha, marca-se pelo registro de óbito de Ana, de dez meses, inocente filha de Antônio Taveira, "do Bairro de São Tomé", no ano de 1759. Em 1772, com o registro de batizado de Francisca, filha legítima de Paulo Francisco Mafra e de Estácia Ana Ribeiro, aparece, pela primeira vez, a denominação de "Lapa de São Tomé", da Serra das Letras, da Freguesia das lavras do Funil.
Projeto Partilha - Leonor Rizzi
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2. 1984
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