Paragem do Bom Sucesso - Século XVIII
Reminiscência - Casas de morada de Joaquim José dos Reis e José Justiniano dos Reis
Com a ajuda de Edriana Nolasco, em São João del Rey, chegamos a um documento muito rico por suas informações.
Trata-se de duas cartas de sesmaria sendo que uma em nome de Joaquim José dos Reis e outra em nome de José Justiniano dos Reis, cujas posses se deram em 12 de outubro de 1797.
Hoje, essas terras pertencem ao pesquisador e historiador Jorge Fernando Vilela. Os documentos estão arquivados no Museu Regional de São João del Rey, caixa 07, ano 1797. A sesmaria de meia légua foi passada a Joaquim José dos Reis e consta dele a especificação exata do local, nos seguintes termos:
Fazenda do Bom Sucesso da Freguesia de Santana das Lavras do Funil. Termo da vila de São João del Rey. Minas e Comarca do Rio das Mortes em casa de morada do sesmeiro Joaquim José dos Reis.
Joaquim José dos Reis era vizinho dos herdeiros de Manoel Antonio Rates do Sítio Cachoeira (hoje Carmo da Cachoeira) e, também, da sesmaria do Couro do Servo. Outro vizinho à época é citado como sendo José Justiniano dos Reis.
A paragem do Bom Sucesso, conforme lemos no auto de medição de outra sesmaria - a de José Justiniano dos Reis (c.f. cx. 23. Documentos de Sesmaria MRSJDR), “em casas de morada do sesmeiro na sua Fazenda do Bom Sucesso”.
Às folhas 03, lê-se:
Na Paragem chamada de Bom Sucesso, da mesma Freguesia se acham terras devolutas compostas de matos e campos as quais confrontam com as terras do Tenente Manoel de Souza Diniz ou sua mulher, com as de Antonio Domingues de Carvalho e a sesmaria de Simão da Silva e com Joaquim Joaquim José dos Reis e com o suplicante (...).
Durante a medição e, com registro em seu ato de medição, aparece:
(...) seguindo pelo rumo do sueste mediram trinta e duas cordas que atravessaram o dito corgo do Bom Sucesso e findaram em uma lançante de Catandubas ao pé da capoeira da pedra onde meteram um marco de pedra (... resto danificado).
José Justiniano dos Reis tomou posse em 11 de outubro de 1797.
No Livro de nº 18 - Escripturas de compra e venda de terras, fls. 15, cartório de Carmo da Cachoeira é registrada uma permuta que, entre si faziam Augusto Ribeiro Naves c.c Olympia Generosa dos Reis e Evaristo Gomes de Paiva c.c Maria do Carmo Reis Paiva, todos moradores, desta freguesia.
Em 31.03.1890, na casa de Francisco Augusto de Figueiredo, outra escritura onde se lê:
Legítimos possuidores da Fazenda denominada COQUEIROS, neste districto de Carmo da Cachoeira. Permuta por um pedaço de terras na Fazenda Capão dos Óleos, no lugar denominado Mamonal, (...) comessando suas divisas no ribeirão COURO DO SERVO. Assinam como testemunham Estevão Ribeiro de Resende e Pedro Roiz da Silva (Pedro Rodrigues da Silva).
Em 8 de novembro de 1873, com testamento em sua residência na Fazenda Coqueiros, Freguesia do Carmo da Cachoeira, Município de Lavras do Funil, FRANCISCA PLACIDINA DE SOUSA, institui como inventariante de seus bens seu marido, Inácio Lopes Guimarães.
Seus herdeiros: Tereza Placidina de Souza com 10 anos e Olímpio (Otaviano) Lopes Guimarães com 14 anos. Ela tinha 23 escravos e terras na Fazenda da Vargem, Fazenda do Retiro e Terras dos Coqueiros. Dívidas passivas: João Alves de Guvêa (João Alves de Gouvêa); João Villela Fialho; José Villela de Resende; Felicia Constança de Figueiredo; João Ribeiro de Moraes. O monte-mor era de 23:026$800.
Para que possamos reconhecer hoje aquilo que os documentos do Século 18 nos apresentaram, a paragem do Bom Sucesso é por nós reconhecida como a Fazenda dos Coqueiros. Fica acima do Cruzeiro. Bem próximo a área urbana de Carmo da Cachoeira o referido morro ostenta com grandiosidade dois símbolos, ricos em significado cristão: o CRUZEIRO e a imagem do CRISTO REDENTOR. Aos pés do morro a casa de Manoel Antonio Rates.
Mais sobre o Mapa Hidrográfico do Sul de Minas de 1897
Commissão Geographica e Geologica de Minas Gerais. Folha n.6. Referência: Cidades, Vilas, Povoados. Chefe da Comissão de campo, Álvaro da Silveira.
O Rio do Cervo, com o Ribeirão Parapetinga (Prapetinga) que é citado como um dos limites de Carmo da Cachoeira já pertenceu a Luminárias, bem como, a Fazenda dos Pinheiros e Lages. Estes aparecem com muita frequência em documentos e inventários como pertencentes a Luminárias.
A Companhia de Ordenanças Duas Barras, primeira Instituição Governamental em Carmo da Cachoeira estava, fisicamente, ligada a este espaço fixo. O Mapa nos apresenta as Fazendas: PALMITAL, CAXAMBU, CHAMUSCA, PONTE FALSA, DO BALBINO. Embora não estejamos visualizando nesta tomada, devemos lembrar que, bem próximo, e ao sul da Fazenda do Balbino, aparecem as Fazendas: CAPÃO REDONDO, VAU, RANCHO, DOS TERRAS, CAQUENDE. A oeste da Fazenda Capão Redondo, as fazendas: PINHEIROS e LAGE, junto a um caminho que as liga ao Município de Carmo da Cachoeira, Minas Gerais.
Mapa original 1897
Mapa com destaque para os nomes das fazendas em relação as cidades de hoje
Mapa Rodoviário atual com sobreposição dos dados do mapa de 1897
Mapa de Relevo com sobreposição dos dados do mapa de 1897
Comentários
"GERAÇÃO VAI, E GERAÇÃO VEM; MAS A TERRA PERMANECE PARA SEMPRE.", e, a partir da p.77, descreve, sob o título, A VIDA RELIGIOSA. A matriz e suas capelas, a trajetória da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição das Carrancas, a partir de sua criação em 1736, tendo com seu vigário, o Pe. Antônio Mendes. Diz ela que, já em 1721 existia uma Capela com a denominação de NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO RIO GRANDE ou CAPELA DO RIO GRANDE, onde foi efetuado um batismo. Diz, ainda que, pelos documentos encontrados existia ainda em Carrancas uma capela em terras do Capitão-mor Inácio Franco Torres, natural da cidade da Bahia (hoje Salvador), filho de José Franco Torres e de Teresa da Silveira. Ele casou-se em Carrancas aos 24 de maio de 1734 com Maria da Porciúncula Barbosa, natural de Guaratinguetá- São Paulo, filha de Francisco Álvares Barbosa e de Isabel Fragosa.
No livro de Provisões da Cúria do Rio de Janeiro de 1728 a 1732, constam os seguintes dados, conforme informações prestadas por José Gomide Borges:
Em 20 de fevereiro de 1729 - "Passei provisão de pároco da Capela de Inácio Franco, no sítio das Carrancas do Rio Grande, Comarca do Rio das Mortes, por tempo de um ano somente ao Pe. João de Barros, natural do bispado do Porto" (fls 46v.).
Em 26 de fevereiro de 1729 - "Passei provisão de coadjutor da Capela Curada de Inácio Franco, no sítio das Carrancas, junto ao Rio Grande, Comarca do Rio das Mortes, por tempo de um ano somente, ao Pe. Miguel da Silva Grilo, do Bispado do Porto" (fls.48), (o Pe. Miguel foi designado, a seguir, para a freguesia de São João Batista do Itaboraí em 16 de março de 1729).
Em 21 de março de 1729 - "Passei provisão de pároco da Capela de Inácio Franco, no sítio das Carrancas do Rio Grande, Comarca do Rio das Mortes, por tempo de um ano somente, ao Pe. João Moreira, natural do Bispado do Porto" (fls.50v.).
Em 25 de fevereiro de 1730 - "Passei provisão de capelão curado da Capela de Nossa Senhora da Conceição das Carrancas, Comarca do Rio das Mortes, por tempo de dois anos, ao Pe. João Moreira".
Em 12 de outubro de 1731 - "Passei provisão ao Pe. João de Eiró, de vigário encomendado da Igreja de Carrancas, por tempo de um ano somente" (fls.173).
Alguns se perguntarão: Carrancas?
Aqueles, que acompanham as páginas de carmodacachoeira.blogspot.com , já há algum tempo, se familiarizaram com a extensão territorial da COMARCA DO RIO DAS MORTES, onde a CACHOEIRA DOS RATES estava inserida, e a percebeu e a visualiza, num "fogo cruzado" contínuo. Por vários motivos, sendo um deles, por estar encravada num sertão onde não havia ouro, e havia a presença de portugueses, paulistas, entre outros. Devido a essas circunstâncias, CARRANCAS, era o ponto referencial, e de grande importância na história de CARMO DA CACHOEIRA. Um dos documentos, em que é registrado um ato religioso com a presença de MANOEL ANTONIO RATES, aparece o termo "FREGUES DESTA FREGUESIA", querendo com isso dizer que, Carrancas e Cachoeira dos Rates, na época, estavam muito próximas, embora, geograficamente distantes (Brasil Colonial).
Continuando com Marta Amato, p.80, lê-se:
Em 1739, encontrei informações de que pertenciam a Carrancas vários cemitérios, onde foram enterrados escravos e desconhecidos falecidos na freguesia. Entre eles: cemitério da Igreja de Nossa Senhora da Conceição das Carrancas, cemitério da Capela do Rio Grande, CEMITÉRIO DO CAMPO BELO e CEMITÉRIO do DESERTO DO DOURADO (Marta Amato coloca, entre parêntesis~, São Bento Abade).
Nas Minas Gerais, a sesmaria era a denominada Dois Irmãos.
Francisca Benedita de Assis, batizada em 30.11.1777, foi casada com José Joaquim Ribeiro, filho de Genoveva da Trindade Barbosa, casada com Antônio Ribeiro da Silva, natural de São João del-Rei. Genoveva era filha de Francisco Álvares Fagundes (Francisco Alves Fagundes), batizado na Sé de São Salvador. Como poderemos conferir em seu testamento, era natural da Ilha Terceira, Agra, filho legítimo de João de Lima Fagundes e de Maria da Conceição. Genoveva Maria era irmã de Francisca Maria de Jesus, casada com Antônio Leite Coimbra, sogros de Francisco da Silva Xavier Toledo. A mãe de Francisca Benedita, dona Maria Vitória do Nascimento, era filha de Antônio de Brito Peixoto, casado na FAMÍLIA MORAES, filha de Teresa de Moraes (paulista), casada que foi com André do Vale Ribeiro, filho de Domingos Francisco e Maria do Valle. Sobre este pessoal existe farto material disponibilizado, é só munir-se de um pouquinho de paciência e, navegar. Luz e Harmonia a todos.
O Mapa que figura nesta página nos informa da presença do Ribeirão dos Coelhos, que aparece ligando a Fazenda do PALMITAL à fazenda da Barra, no Rio do Cervo.
Junto ao mesmo Ribeirão (do Cervo), o Ribeirão Parapetinga, constante em nossas divisas, numa certa época. Seguindo em direção ao Rio Ingaí, entre picadas, está o Ribeirão da Vargem Grande e a Fazenda do mesmo nome e logo a seguir o PINHEIRINHO, bem próximo de INGAHY VELHO, tão citado pelo cachoeirense MANOEL FERREIRA DIAS -o NECA, como berço de seus ancestrais. Interessante ouvir os cachoeirenses, e não devem estranhar os internautas de outros Estados ou Países. O mineiro diz: "fica aí mesmo". Ah!, é só começar a caminhar. Percebe-se logo que, os conceitos parecem contradizerem-se. Aqui, em Cachoeira, o pessoal diz: "Chegar a Luminárias, por São Bento, é bem pertinho. Fica logo ali, atrás do Morro". A citação corresponde a Serra da Pedra Branca.
Não podemos esquecer a estrada que parte de Campos de Jordão, através da Mantiqueira, São Bento, seguindo por Paraizópolis, Brazópolis até Piranguinho. Neste entroncamento encontra-se com a rodovia que liga Itajubá a Pouso Alegre. E entre elas a mais importante, a BR 381 - Rodovia Fernão Dias.
De Caxambú, seguindo para Baependi, Cruzília e Aiuruoca, um entroncamento importante naqueles tempos era acesso para São Thomé das Letras, Angaí e Lavras.
ANTES DE ANGAÍ, SAÍA UM CAMINHO PARA TRAITUBA, CARRANCAS, RIO GRANDE e SÃO JOÃO DEL REI".
O autor poderá se referindo, de acordo com nosso entendimento, ao ponto referido nas cartas de Sesmarias como, TRÊS PONTES, e em nossa região corresponde ao espaço compreendido entre a FAZENDA DO PALMITAL, (no Ribeirão Parapitinga), na altura onde está a FAZENDA DE FRANCISCO COSTA e o "E. Velha Prapitinga". Como se poderá ver pelo MAPA, a partir da FAZENDA DA BARRA, segue um caminho que atravessa a Serra PEDRA BRANCA, passando bem próximo da Fazenda da Vargem Grande. O referido caminho passa também pela Fazenda do Quilombo. O local deve corresponder a uma imensa região que, no ano de 1897, conforme indica o MAPA, inclui a FAZENDA DE FRANCISCO COSTA. Uma dessa pontes dá acesso a Carrancas, onde estava a sede a Freguesia, responsável pela administração dos sacramentos em toda região. Era Carrancas o referencial de religiosidade para MANOEL ANTONIO RATES, do Sítio da Cachoeira, na Cachoeira dos Rates, na Comarca do Rio das Mortes, nas Minas Gerais.
O trecho que aparece entre aspas, aparece em A EVOLUÇÃO DE NOSSA HISTÓRIA, DO COMÉRCIO E DA INDÚSTRIA. Associação Comercial e Industrial de Três Corações, Minas Gerais. Ano 2005. Excelsior Gráfica Editora. Três Corações, Minas Gerais. Catalogado na Fonte - Lucinéia Ferreira Pereira - Bibliotecária. Ilustração da Capa: Yukichige Noguchi. Texto de Ronaldo Urgel Nogueira, da Academia Tricordiana de Letras e Artes. Membro Efetivo-Cadeira n.02. O exemplar que faz parte de nossos arquivos traz a seguinte dedicatória: "Para dona Leonor com todo carinho. De Ronaldo Urgel Nogueira. Três Corações, TERRA DO REI PELÉ, outubro de 2005.
Na década final do século XVI, já era bem conhecidas várias trilhas para a subida da Serra do Mar, a maior parte delas, ao longo de todo o Vale do Paraíba. Uma feitoria, que servia de entreposto de apoio a todos que se dirigiam para a povoação de São Paulo de Piratininga, era a da existente no SERTÃO DOS PÁSSAROS BRANCOS, Guiratinguetá (Guaratinguetá). Algumas léguas daí, um outro ponto importante, e muito visitada pelos sertanistas era o Embaú, caminho obrigatório a ser seguido por todos aqueles que pretendiam subir a serra da Amantikira (Mantiqueira).
A primeira Bandeira, que foi muito além da garganta da Amantikira, e alcanço os CAMPOS GERAIS DOS CATAGUÁS, foi de JOÃO BAPTISTA VITORIANO, que partiu de São Sebastião do Rio de Janeiro, e que, aqui chegando, fez queimar folhagens resinosas, afim de afugentar as epidemias e os mosquitos.
Trechos contidos na obra, "Evolução de nossa história, do comércio e da indústria". Texto do Acadêmico de Letras e Artes de Três Corações, Ronaldo Urgel Nogueira.