Nos idos tempos, tinhamos correio às segundas, quartas e sextas-feiras e as malas vinham de Três Corações, conduzidas a cavalo pelo José Mariano. às 14 horas em ponto, nos dias marcados, ele dava entrada na praça. Parava o velho cavalinho queimado em frente ao correio, descarregava as malas, deixava o cavalo solto, a pastar pela praça, ia entregar alguma encomenda que lhe tivessem feito, depois estendia as malas vazias na sala do prédio onde funcionava o correio, ali onde agora está a casa paroquial construída pelo Cônego Zequinha e dormia até chegar a hora em que o agente do correio, Dr. Álvaro Dias de Oliveira, o despachava de volta a Três Corações.
Este modesto e heróico servidor público, o José Mariano, foi uma das vítimas da má organização social existente no Brasil. Quando se inaugurou a Estação da Rede Mineira de Viação e as malas do correio passaram a ser conduzidas pela estrada de ferro, ele, por ser analfabeto, foi sumariamente despedido, sem qualquer indenização, depois de mais de 30 anos de sacrifícios, cortando diariamente a estrada entre Carmo da Cachoeira e Três Corações, enfrentando chuvas e frio.
Morreu pouco tempo depois na roça, na casa de um filho.
Prof Wanderley Ferreira de Rezende
trecho do Livro: Carmo da Cachoeira: Origem e Desenvolvimento.
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