De acordo com o mapa feito em 1770 durante uma expedição enviada à região do Quilombo do Campo Grande, haveria 24 quilombos distribuídos nas duas margens do Rio Grande. Dos 24 quilombos apresentados, 15 possuíam indicação do número de casas. Tarcísio Martins, fazendo uma média de 6 pessoas por cada casa, chegou a um número possível para esta população: 9.822 pessoas. Continua suas contas demonstrando que considerando os 24 quilombos do mapa e sabendo os números de casas apresentados pela maioria deles, chega-se a um número médio de 108 casas por cada quilombo, totalizando 2.592 casas e uma população de 15.552 pessoas. 1
São números impressionantes que despertam a atenção. Como Martins usou uma média de 6 pessoas por casa, tomando com base os dados de Cunha Matos para 18342 seria possível encontrar uma diferença grande se os dados fossem jogados para o século XVIII. Por isso, as contas foram refeitas tomando com base uma média de 4 pessoas por casa. Os resultados continuam elevados: os dados apontam um total de 6.548 pessoas.
É impossível imaginar que estas 6.548 pessoas ou como indica Martins 15.542, fossem apenas compostas por negros fugidos do cativeiro. Por tudo o que já foi visto anteriormente fica uma possibilidade que ajudaria a explicar um número tão significativo: esta população poderia ser formada por diversos elementos étnicos reunidos em função de diferentes problemas. Os índios poderiam buscar ajuda contra a exploração de suas terras e também oferecê-la nos quilombos; os mulatos, brancos ou mesmo negros forros poderiam perceber o quilombo como uma alternativa de vida que os liberasse do controle colonial e do pagamento de impostos cada vez maiores. Estes poderiam ser os que as autoridades identificaram várias vezes como sendo vadios que viviam no Sertão.
Infelizmente, na situação atual das pesquisas sobre quilombos em Minas Gerais, ainda não é possível esclarecer com uma certa dose de certeza esta situação. Somente inferências podem ser feitas.
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1. Martins, Tarcísio José, Quilombo do Campo Grande: A História de Minas, p. 202-203
2. MATOS, Raimundo José da Cunha. Corografia histórica da Província de Minas Gerais. Belo Horizonte: Imprensa Oficial. 1981.
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