Padre Victor possuía os traços típicos da raça negra, lábios grossos, nariz chato, cabelos encarapinhados e calvície acentuada, como se vê nas fotos, bem como no busto existente na praça principal da cidade. Não era alto, mas bastante robusto. Natural da Cidade de Campanha, onde viveu até os 22 anos de idade, era filho de Lourença Justiniana de Jesus (Maria Justiniana de Jesus), solteira e escrava. Foi batizado, em 20 de abril de 1827, em Campanha, foram seus padrinhos Feliciano Antônio de Castro e Mariana Bárbara Ferreira. Sua madrinha sempre o protegeu, educando-o com esmero.
Aprendeu o ofício de alfaiate, mas sempre demonstrou vontade de ser padre. Quando de uma visita pastoral à Campanha, o Bispo de Mariana, Dom Antônio Ferreira Viçoso, ficou conhecendo o jovem filho de escrava que desejava estudar bastante, a fim de atingir seu ideal. Sua madrinha o preparou para o seminário. Partiu com destino a Mariana e, em 5 de julho de 1849, iniciou seus estudos. Dom Viçoso o escolheu para seu fâmulo.
Em Velhos Troncos Mineiros, Cônego Trindade, ed. 1955 vol. II - nota p.5 diz: O padre Francisco de Paula Victor, no período de 1849/1851, exerceu as funções de fâmulo de Dom Antônio Ferreira Viçoso. Foi ordenado em 14 de junho de 1851, quase dois anos após o início de seus estudos, comprovando assim seus conhecimentos e capacidade intelectual.
Após sua ordenação, exerceu as funções de coadjutor em Mariana, até que, em 18 de julho de 1852, foi nomeado vigário encomendado da freguesia de Três Pontas, para substituir Padre Bonifácio Barbosa Martins, já bastante idoso e doente.
Em 7 de outubro de 1861, foi colado à paróquia. Em 24 de maio de 1862, foram encetados os trabalhos da construção do corpo da igreja, pois a antiga capela de Nossa Senhora da Ajuda, não obstante a ampliação ocorrida em 1770, tornara-se pequena para a população. Padre Victor recebeu a contribuição muito valiosa do Coronel João Cândido dos Reis para a construção do corpo da igreja.
Além das atividades sacerdotais, destacou-se como professor de latim, francês e música no Colégio Sacra-Família do qual foi o fundador. Muitos foram os seus biógrafos, de cujas obras, parte destes dados foi extraída, dentre os quais, destacamos: João de Abreu Salgado1, Mons. Victor Rodrigues de Assis2, Mons. José do Patrocínio Lefort3 e Doutora Maria Rogéria Mesquita4. Quando de seu falecimento, foi transportado pelas ruas da cidade no mesmo esquife usado nas procissões de Nosso Senhor Morto e o féretro foi acompanhado por uma multidão.
Em 16 de maio de 1993, foi instalado o Tribunal Eclesiástico, com a finalidade de viabilizar sua beatificação. A data de 23 de setembro é cultuada pelos devotos de Padre Victor, milhares de devotos, de várias partes de Minas e mesmo de outros Estados, aqui comparecem, a fim de pagar suas promessas e orar para o Servo de Deus.
Cônego Francisco de Paula Victor
(12-ABR-1827 - 23-SET-1905)
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1. Salgado, João Abreu, Magnus Sacerdotos..
2. Assis, Victor Rodrigues de, Vida e Vitórias de Mons. Francisco de Paula Victor, Linot. S. J. Rio Preto, edição, 1973.
3. Lefort, José do Patrocínio, Padre Victor, o campanhense trespontano, terceira edição, 1995.
4. Mesquita, Maria Rogéria Mesquita, Padre Francisco de Paula Victor "O Homem de Deus para o Mundo", 2002.
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