Em 1720, surgiram as descobertas da Colina do Funil de novos vieiros de ouro atraindo muitos mineradores das Gerais, conforme relata o Comendador Ângelo Elói da Câmara em carta ao Prof. Firmino Costa, com base em Francisco Ignácio Ferreira e J. C. Millet de Saint Adolphe, autores dos Diccionário Geographico das Minas Gerais e Diccionário Geographico, Histórico e Descriptivo do Império do Brazil, 1845, respectivamente.
As catas, betas e gupiaras comumente apontadas na mineração dessa zona, referiam-se aos ribeirões do Charquinho, Matadouro e Vermelho. O ribeirão Vermelho que corta a parte norte do perímetro urbano da cidade de Lavras tem sua nascente localizada no distrito de Engenheiro Bhering (Prudente), possuindo em sua drenagem de maior comprimento, uma extensão de aproximadamente 15 km. até o ponto em que desagua no Rio Grande, na divisa com o município de Ribeirão Vermelho. Nesse percurso recebe várias denominações entre as quais destacam-se ribeirão da Santa Casa, córrego do Fabril e ribeirão do Madeira, etc. O ribeirão Vermelho, apresentou-se como o principal núcleo de produção das Lavras de Ouro do Funil, comportando-se notavelmente a mais importante lavra denominada de "Real Grandeza" (FIRMINO COSTA, 1907), que surgiu nas imediações do Madeira, de onde acredita-se ter surgido também uma primitiva povoação.Se a ocorrência na busca de ouro das Lavras do Funil não garantiu a ocupação do território da cidade de Lavras, por outro lado, definiu o averbamento daquelas primeiras famílias que iniciaram o povoamento com a aplicação ponderada da agropecuária.
Até o ano de 1737, os pousos de bandeiras e ranchos que serviam ao fluxo temporário de bandeirantes, mineradores, tropeiros, viandantes, ente outros, que demandavam pelo sul, apenas configuravam o roteiro das minas. A partir desta data a qual tomamos com "data referencial" é que novas expectativas surgiram em proveito do arraial que se formava.
Entre os principais nomes que figuram no primitivo povoamento dessa zona, estão o Capitão Manoel Garcia Velho, morador do Rio Grande, autoridade do fisco na Colina do Funil, o Capitão Amador Bueno da Veiga e o Capitão Francisco Bueno da Fonseca.
Amador Bueno da Veiga era filho de família tradicional da Vila de São Paulo e já havia sido convidado pelo Governador Artur de Sá e Menezes para abrir o "caminho novo do Rio de Janeiro para as Minas" em 1698, quando chegou a recusar o serviço; e Francisco Bueno da Fonseca, era Capitão-Mor e havia participado da bandeira de Garcia Rodrigues Pais no regresso ao sertão do Sumidouro em 1683, e um dos principais "paulistas" moradores do Distrito do Rio das Mortes, sendo também, um dos "paulistas" de maior destaque no exército de Amador Bueno da Veiga. Era o pai de Diogo Bueno da Fonseca, futuro Guarda-Mor dos Campos de Sant'Ana do Funil. Capitão-Mor e Guarda-Mor, nessa ocasião, eram autoridades coloniais administrativas nomeadas pelo rei e cuja função, entre outras, era fiscalizar, determinar, repartir e distribuir datas concedidas a indivíduos pela Coroa Portuguesa para exploração mineral.
trecho do A Formação Histórica de Santa'Ana das Lavras do Funil. de Márcio Salviano Vilela.
texto anterior: Os refugiados da Revolta dos Emboabas em terras de Lavras do Funil.
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