Mais “audácia” tiveram Elias e Miguel, de etnias Congo e Cabinda. Os dois tinham cerca de 20 anos e já era a terceira vez que fugiam. Desta vez haviam conseguido evadir carregando ambos, “...um gancho de ferro ao pescoço com aros de ferro rebatido...”2. Mas foram recapturados. Cerca de dois anos depois, encontramos novamente os mesmos escravos anunciados como fugitivos, desta vez, era a quarta fuga. Haviam fugido juntos e ambos levavam presos aos tornozelos esquerdos uma argola de ferro.3
Ainda que não se saiba se nas duas fugas anteriores Elias e Miguel estivessem juntos, há pelo menos duas ocorrências registradas onde ambos estavam associados. O curioso é saber como que dois africanos de origens diversas conseguiram não só fugir juntos, mas, principalmente, fazer isto no mínimo duas vezes, o que demonstra uma provável ligação entre eles, e ainda mais com os ganchos de ferro aos pescoços e depois com as argolas de ferro presas aos tornozelos. E mais surpreendente é saber que em ambas fugas não foram apanhados imediatamente, ainda que com os apetrechos criados especialmente para impedir estas situações.
Carlos Julião, aquarelista do século XVIII, retratou uma cena em que mostra o que seria este ferro preso ao pescoço de um escravo.
Trecho de um trabalho de Marcia Amantino.
Texto Anterior: O Universal e os negros: grotescos e animalescos.
221 Idem 21.11.1828
222 Idem 14.7.1830
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