O documento preparatório do IX Encontro Nacional de Presbíteros do Brasil, ocorrido em fevereiro de 2002, inspirado na carta apostólica Novo Millenio Ineunte, do Papa João Paulo II, afirma em uma de suas partes: "Estamos precisando com urgência reavivar a memória do que foi (...) caminho próprio e belo, percorrido pela Igreja Católica no Brasil". Animados por essa exortação e convencidos da verdade das inspiradoras palavras de J. Comblin, que disse: "um povo que não tem história, ou ignora a sua história, não tem referência e terá de enfrentar crises de identidade" (J. COMBLIN), decidimos empreender o presente estudo.
O tema escolhido para esta abordagem, "O Clero Paulista no Sul de Minas", se justifica pelo fato de que o território sul-mineiro a oeste do rio Sapucaí pertenceu, no eclesiástico, à então diocese de São Paulo de 1745 a 1900; portanto, por cento e cinquenta e cinco anos. Ademais, verifica-se que há uma lacuna na história eclesiástica do Sul de Minas, quando a um conhecimento mais pormenorizado das atividades exercidas pelo clero paulista nessa região, a qual deve grande parte do seu progresso religioso e social à ação destemida dos presbíteros que a pastorearam nos seus primeiros tempos.
Quanto ao período delimitado para o presente estudo -1801-1900 - ele é significativo porque foi no seu decorrer que se consolidou a presença da Igreja paulista na região sul-mineira, com a criação de cinquenta e quatro paróquias (no século XVIII havia apenas seis), com as visitas pastorais constantes-primeiro, através dos visitadores e depois, pelos próprios prelados paulistas - e com o crescimento das vocações locais, tendo tudo concorrido para a emancipação eclesiástica da região, quando já raiavam no horizonte as primeira luzes do século XX.
No período de 1801-1900, exerceram a jurisdição episcopal no Sul de Minas os seguintes prelados do sólio paulista: Dom Mateus de Abreu Pereira (1795-1824), Dom Manel Joaquim Gonçalves de Andrade (1827-1847), Dom Antônio Joaquim de Melo (1852-1861), Dom Sebastião Pinto do Rego (1862-1868), Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho (1873-1894), Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (1894-1897) e Dom Antônio Cândido de Alvarenga (1899-1903). Nos anos em que a diocese esteve vacante, o governo pastoral foi exercido pela Mesa Capitular, através de um cônego delegado, intitulado Vigário Capitular.
Trecho da Introdução da obra: "O Clero Paulista no Sul de Minas"
Próxima Matéria: A Igreja e sua organização nos primórdios do Sul de Minas.
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