A maior parte dos anúncios sobre os escravos fugidos do Jornal “O Universal”, refere-se aos cativos que não possuíam especialização profissional (84 casos). O que representa este dado? Poderia-se dizer que o escravo sem especialização fugia mais porque era a grande maioria no contingente escravista. Contudo, constituiria uma explicação simplista e que na realidade nada responderia.
Um outro caminho para a análise da questão poderia ser buscado em Cardoso206: Para este autor, uma maneira de o escravo resgatar um pouco sua humanidade, seria a aprendizagem e o exercício de uma profissão, posto que com ela, o escravo conseguiria acentuar frente aos senhores, a sua condição de homem, melhorando desta maneira sua vida.
Contudo, esta posição “privilegiada” dentro do contingente escravista necessitava sempre do aval do senhor e se o escravo passava a ter um certo status junto aos demais, na realidade quem
lucrava com esta profissionalização era novamente seu proprietário. A partir daí, o que contava na relação senhor/escravo era a fidelidade e a pontualidade do escravo no momento de prestar contas de seu trabalho.
Aceitando o fato de que a especialização desencadearia melhorias nas condições de vida dos cativos, seria de se supor que não tentariam fugir tanto quanto um escravo sem qualquer conhecimento profissional específico e, portanto, sem qualquer regalia.
Trecho de um trabalho de Marcia Amantino.
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