Nosso passado quilombola
Não há como negar a origem quilombola do povoado do Gundú, nome primitivo do Sítio da Cachoeira dos Rates, atual município de Carmo da Cachoeira. O quilombo do Gundú aparece no mapa elaborado pelo Capitão Francisco França em 1760, por ocasião da destruição do quilombo do Cascalho, na região de Paraguaçu.
No mapa o povoado do Gundú está localizado nas proximidades do encontro do ribeirão do Carmo com o ribeirão do Salto, formadores do ribeirão Couro do Cervo, este também representado no mapa do Capitão França.
Qual teria sido a origem do quilombo do Gundú? Quem teria sido seu chefe? Qual é o significado da expressão Gundú? Quando o quilombo teria sido destruído? Porque ele sobreviveu na forma de povoado com 80 casas?
Para responder tais questões temos que recuar no tempo, reportando-nos a um documento mais antigo que o mapa do Capitão França. Trata-se de uma carta do Capitão Mor de Baependi, Thomé Rodrigues Nogueira do Ó, dirigida ao governador da capitania em 23 de agosto de 1736. A carta fala de um ataque sofrido por um morador das proximidades da encruzilhada do Caminho Velho (Cruzília), por parte de negros vindos de um quilombo que se situava a “três ou quatro dias de viagem”. Segundo o Capitão Mor no ataque ao morador os quilombolas “não só lhe tiraram a vida como também do seu corpo lhe fizeram anatomia”, sequestrando ainda seus filhos, duas moças e um menino.
Alegando a necessidade de utilizar os serviços experimentados de um Capitão-do-mato, o Capitão Mor solicitou do governador a expedição de uma carta patente para João do Prado Leme, que localizou e atacou o quilombo em 19 de dezembro de 1736. De seu relato extraímos registros importantes: “Mataram um [negro] que resitiu com mais força, pela muitas flexas que expedia”; “em virtude do tempo chuvoso que dificultava as buscas, se recolheram com os despojos, não deixando de levar a cabeça do [negro] que mataram a qual puzeram na encruzilhada”. No relato de João do Prado Leme ele fala ainda da fuga do chefe do quilombo, o “mulato intitulado Rei, com uma concubina, dois filhos e quatro escravos”.
Ora, as evidências indicam que o tal quilombo destruído por João do Prado Leme era o que se localizava na região da Chamusca, nas proximidades do cemitério do mesmo nome. Lá nós encontramos remanescentes do quilombo, ou seja, o próprio cemitério e o local do povoado, cercado de valos, em formato retangular. Além do topônimo Chamusca que, certamente, é uma referência ao episódio da destruição do quilombo, há o ribeirão do paiol, uma referência ao local do paiol do quilombo. Daí entendermos que o quilombo do Gundú sucedeu ao que existia na região da chamusca, tendo sido fundado pelo mulato intitulado Rei que fugira do ataque em 1736 e organizaram um novo quilombo a oeste.
A expressão Gundú é originária do dialeto banto e é usada para designar as excrescências ósseas que se desenvolvem simetricamente entre os ossos do nariz, sobre o maxilar superior. Ou seja, Gundú é o mesmo que uma caveira sem o maxilar.
Martins (1995) associa a origem da expressão Gundú ao nome do ribeirão Couro do Cervo alegando que a expressão é uma referência à caveira de um cervo sem couro. Apesar de verossímil, discordamos dessa interpretação por entendermos que a caveira que está sendo referenciada pela expressão Gundú é outra. É a do negro morto e degolado por João do Prado Leme, no ataque a um quilombo na região da chamusca em 1736. Ou seja, a caveira que João do Prado Leme mandou espetar em um mastro na encruzilhada do Caminho Velho para servir de exemplo aos quilombolas, deu nome ao novo quilombo que se formou a oeste da região da Chamusca.
Não há registro referente à destruição do quilombo do Gundú. Sabe-se que duas expedições vasculharam a região à esquerda do rio Grande, destruindo quilombos: a de José Jacinto Flores em 1742 e a dos irmãos Manoel Cardoso da Silva e Sebastião Cardoso de Moraes em 1743. Uma delas, certamente, destruiu o quilombo do Gundú. No entanto, Gundú, diferentemente de outros quilombos, sobreviveu na forma de uma povoação de negros fogos e brancos pobres por várias décadas, até se tornar vila.
Quanto ao Mulato intitulado Rei, sabemos que os chefes quilombolas eram reverenciados com o título de Rei ou Pai. É a toponímia que sobreviveu ao tempo que nos diz dos chefes quilombolas que reinou na região compreendida entre os rios Grande, Verde e Sapucaí. Seu nome ficou imortalizado numa bela queda d'água no ribeirão do Salto, próximo à cidade de Carmo da Cachoeira, a famosa “Cachoeira do Pai Paulo”, que emprestou o nome à cidade.
Não temos dúvidas de que o nome atribuído a Cachoeira do ribeirão do Salto é uma referência ao Mulato intitulado Rei, ao “Pai Paulo”, ou ainda ao “Paulo Crioulo”, nome com o qual o chefe quilombola foi identificado pelo Capitão França, entre os negros aprisionados por ocasião da destruição do quilombo do Cascalho e que foram enviados à cadeia de São João Del Rei. As evidências apontam que Pai Paulo, foi o chefe do quilombo destruído na região da Chamusca, do quilombo do Gundú que se formou em Carmo da Cachoeira e de outros quilombos destruídos na região de Três Pontas, até ser finalmente preso por ocasião da destruição do quilombo do Cascalho em 1760. Ou seja, durante mais de 24 anos, Pai Paulo reinou no Sertão do Campo Velho assim como o Pai Ambrósio reinou no Sertão do Campo Grande.
Cemitério da Chamusca ou Cemitério dos Escravos
O 1º assentamento de óbito no Cemitério da Chamusca é de 31 de março de 1860.
- Antônio, africano, escravo de Ignácio José Alves
- 1 filho de José Pinto da Costa cc. Ana Silveira de Jesus
- Maria Inocência de Jesus, casada
- Francisco Roquete, português, 83 anos
- 1 escravo de Antônio Joaquim Alves
- 1 filho de Francisco Lopes Machado
- 1 escravo de Gabriel José Junqueira Júnior
- 1 escravo de Antônio Severiano de Gouvêa
- outro escravo do mesmo
- Bernardo José da Costa, solteiro 58 anos
- 1 escravo de Maria Felisbina da Silva
- 1 escravo de Maria Felisbina da Silva
- Delfina (ilegível - Maria?) de Jesus cc. Joaquim Francisco do Nascimento
- 1 escravo de Maria Felisbina da Silva
- 1 escravo de Antônio Joaquim Alves
- outro escravo do mesmo
- escravo de Maria Felisbina da Silva
- escravo de Antonio Joaquim Alves
Os pesquisadores, o povo e o Cemitério dos Escravos
Em um local alto da Fazenda da Chamusca, de onde pode se avistar a cidade de São Tomé das Letras, em uma área de 355m², cercado por um muro de pedras, fica o Cemitério dos Escravos, já está abandonado a mais de um século.
O grande número de ossadas, inclusive sobrepostas, reflete o longo período de sua utilização e o período de grande mortalidade, devido à epidemia de varíola que ocorreu entre 1850 e 1870. Afora o muro e as ossadas, não restam no local outras evidências esperadas em um cemitério, como lajes e lapides, o que sobrou foi a tradição oral que conta que o cemitério teria sido fundado por um escravo fugitivo chamado João Antão.
Segundo a arqueóloga Maria Luiza Luna Dias, o cemitério foi utilizado para o enterro de pessoas pobres e por escravos durante muito tempo, mas originalmente talvez não tivesse sido esta finalidade, para tal ela avalia três fatores:
- Os muros: que devido a complexidade de sua construção não seria provável ter sido concluída apenas nos momentos livres dos escravos, desta forma pode ter sido executado por ordem de algum fazendeiro;
- caixões: os escravos eram enterrados enrolados em lençol, e foram encontrados vestígios de colchetes de ferro grosseiros e lacas de madeira onde estariam pregos, o que indicariam a existência de caixão de madeira, e até possivelmente um rústica lápide; e
- inexistência de outros cemitérios: o fato da região não contar até aquele momento com outros cemitérios para o enterro dos homens brancos, visto que poucos privilegiados tinham o direito de serem enterrados nos pisos das capelas.
Dona Zilah Reis Vilela, casada com o senhor Percy de Oliveira Vilela conta-nos que participou na preservação do Cemitério da Chamusca, quando seu marido era vivo, tentaram tomar providencias para impedir o acesso de animais, que o utilizavam como pastagem. Ela e seu marido Percy, atentos que são e enquanto cidadãos fizeram sua parte, colocando na abertura um portão.
Algumas fotos antigas em preto e branco do Cemitério dos Escravos da Fazenda da Chamusca, aparece "Tereza do Sapé", como era conhecida Tereza do Carmo Cubateli, que desenvolveu as atividades sociais, em São Paulo. Ela era uma ativista atuante em defesa a causa negra. Em seu depoimento ouvimos dela o seguinte:
Fui criada na casa dos Sant´Ana, e só vim a perceber que era negra na vida adulta. Não havia diferença na forma de tratamento que era dado para fim, ou aos filhos do casal onde fui criada. Todos eram tratados igualmente. Frequentei as mesmas escolas, as mesmas igrejas e tínhamos os amigos comuns. Agora, em São Paulo é que me envolvi com os da minha raça. Antes, nem me passava pela cabeça defender um movimento que me era estranho.
Trabalhadores rurais, gente simples, honesta, religiosa e cultuadora da tradição repassam, através da linguagem oral, fragmentos da memória que preserva até hoje. Assim, em algumas pessoas permanece a ideia de que, em cima do muro de pedras que cerca o Cemitério dos Escravos havia figuras simbólicas representadas por aves, ferramentas e instrumentos de trabalho como: martelos, turqueses, escadas e, até cravos, “destes que se vê nos pulsos de Jesus Crucificado”, diz um ancião com mais de 100 anos.
Interessante de se notar é que, esses mesmos elementos aparecem desenhados no Adro da antiga Capela da Fazenda do Palmital do Cervo e no oratório da Fazenda Caxambu.
Imagens Cemitério dos Escravos da Fazenda Chamusca
desenho: Maurício José Nascimento
fotos: Evando Pazini
Comentários
Alfredo Junqueira da Silva;
Leopoldo Aureliano da Silva Junqueira;
Maria Cândida Junqueira da Silva;
Elvira Augusta da Silva;
Amélia Cornélia Junqueira da Silva;
Arnoldo Junqueira; Mário da Silva Junqueira, nasceu em Boa Esperança, e faleceu em São Paulo. Casou-se duas vezes. A primeira, com Anna Idalina Vilella, filha de Francisco Antonio Vilella. Anna Idalina nasceu em Coqueiral-MG, onde faleceu em 10 de dezembro de 1897. Foi inventariada em 23 de fevereiro de 1898. Inventariante, seu marido, Mário da Silva Junqueira, deixando os seguintes bens: benfeitorias da casa e pátio onde mora, no valor de 2$000$000; 2 casas de morada e pasto cercados de valos, sendo 1 de capim, no lugar denominado Muchambomba, no Arraial do Espírito Santo dos Coqueiros, no valor de 10:000$000; uma sorte de terras sitas na comarca de Rio Claro denominada Monte Sião, em sociedade com seu irmão Leopoldo Aureliano da Silva Junqueira, tendo por confrontantes dona Marianna Vilella, Antônio Bonifácio Vilella, Antônio Cecílio Coimbra e JOAQUIM PIO DE TAL (só a parte do casal), no valor de 20:000$000. Mário, o viúvo casou-se pela segunda vez em São Paulo com Francisca Gama de Arruda, filha de Marcos de Oliveira Arruda e Luísa da Gama Arruda. Francisca teve um primeiro casamento com Juvenal Garcia de Oliveira.
Gabriel José Junqueira Filho, nasceu em 1837 e casou-se com sua parente Mariana Alves Gouvêa, filha de Antônio Joaquim Alves e Maria Carolina Alves de Gouvêa. Em 14 de julho de 1873, Gabriel José e Mariana Alves receberam a quantia de 59:111$000, referentes à divisão das Fazendas Chamusca, Campo dos Comuns, CACHOEIRA, Formiga e MARANHÃO, em Lavras-MG. Participaram da divisão, Gabriel José e Mariana Alves; João Alves de Gouvêa e sua esposa, Marianna Clara de Gouvêa (Mariana Clara de Gouvêa era tia de Mariana Alves de Gouvêa) e João Bonifácio Marques e sua esposa Maria Carlota da Fonseca. Foram divididos 3.989 alqueires, entre campos, culturas e matos virgem, avaliados em l, ANA GABIELA JUNQUEIRA, nasceu em Lavras-MG e faleceu em Carmo da Cachoeira-MG. Casou-se com Misael Dias de Gouveia, nascido em 1856 e falecido em Carmo da Cachoeira-MG. Sendo que muitos residiram e ainda residem em Cachoeira. A atual rua Misael Dias de Gouveia, é conhecida como o Corredor do NENZICO - Antônio Junqueira Gouveia, irmão de Ana Cândida Junqueira Gouveia, "CANDOLA", casada com João Severiano Reis. Outros filhos de Anna Gabriela e Misael: Marianna Junqueira Gouveia, casada com José Severiano dos Reis; Maria do Carmo Junqueira Gouveia; Gabriel Junqueira Gouveia, "NHONHÔ", casado com Aurora Severiana de Gouveia; Maria da Purificacão Junqueira Gouveia, "Tia"; Maria das Dores Junqueira Gouveia; Maria de Nazaré Junqueira Gouveia, casada com Gabriel Gouveia dos Reis.
Três Pontas-MG
Doutor PEDRO BANDEIRA DE GOUVÊA, filho de Pedro Bandeira de Gouvêa e Maria Cândida Bandeira, casado com Tereza Cândida de Jesus, filha do Tenente-Coronel Francisco de Paula Pereira, era Bacharel em Matemática e capitão do Corpo de Engenharia do Exército. Defendeu a tese intitulada "Regime Alimentário das Crianças nos Primeiros Anos de sua Existência, na Escola de Medicina da Bahia, obtendo distinção. Defendeu outra tese sobre "Obstetricia", em francês. Desfrutava de grande prestígio na região Sul, da então Província de Minas Gerais. Era procurado por pacientes de várias vilas e cidades, até de São João Del Rei-MG. Faleceu em Três Pontas, em 1889.
CARLOS BANDEIRA DE GOUVÊA e da professora TEODÓSIA VIEIRA CAMPOS, pais de Theodósio Bandeira Campos, nascido na cidade de Boa Esperança-MG. "Dosico", como era conhecido, dotado de inteligência aguda, grande orador, dotado de invulgar eloquência, bem humorado e espirituoso. Com a mais tenra idade veio a Três Pontas, pois perdera a mãe, logo após seu nascimento. Foi criado pela tia, Rita Vieira de Campos,(obs. outras fontes a citam como dona Rita América de Campos Souza), de quem foi segunda esposa do Tenente Juvêncio Elias de Souza, viúvo de Emília Augusta de Oliveira. Exerceu as funções de Presidente da Câmara. Participou da fundação da Companhia Viação Férrea Três Pontana e de sua primeira diretoria. Político de grande prestígio, junto às autoridades governamentais, por ocasião da criação do cargo de prefeito, nas comunas brasileiras, em 1930, foi nomeado o primeiro prefeito de Três Pontas-MG. Além de político, foi agricultor e pecuarista. Ocupou, por vários anos, a gerência local do Banco da Lavoura de Minas Gerais. Exerceu o magistério nos colégios da cidade. Eleito deputado à Assembléia Legislativa, para o período de 31 de janeiro de 1955 a 31 de janeiro de 1959. Faleceu em Belo Horizonte-MG, foi sepultado no Cemitério Municipal de Três Pontas. (28-SET-1889 - 14-DEZ-1960).
Cf. Testamento e inventário do Ajudante Jerônimo de Andrade de Brito, disponibilizado pelo Projeto Compartilhar.
P.802: "Umbelina Honória era prima de Marianna Antônia de Andrade. Pelo lado materno, o avô de Marianna Antônia(José Francisco Junqueira) era irmão da avó de Umbelina Honória (Maria Francisca da Encarnação). E pelo lado paterno, o avô de Marianna Antônia (José de Andrade Peixoto) era irmão do avô de Umbelina Honória (Jerônimo de Andrade Brito). Como Francisco Antônio contraiu primeiras núpcias com a irmã de Marianna Antônia (Maria Claudina de Andrade), o grau de parentesco entre Maria Claudina e Umbelina Honória é o mesmo descrito". anteriormente".
Brotas fôra a última paróquia onde o Pe. Conceição exercera o ministério católico. Possuía ali laços familiares desde que sua irmã mais moça, Tudica, se casara com um Cerqueira Leite. Muitos de seus paroquianos haviam conhecido suas lutas espirituais e alguns as haviam mesmo partilhado. Além disso, os missionários seus amigos haviam iniciado ali um trabalho de propaganda com grande resultado, e esse foi o ponto decisivo: dirigiu-se a Brotas em meados de outubro a fim de tomar parte na campanha de pregações que deveria realizar-se durante diversas semanas, havendo pregações de casa em casa. Eis uma descrição das duas últimas reuniões, feitas por Blackford, que nos mostra o modo como eram realizadas e como se criou o primeiro núcleo protestante verdadeiramente brasileiro:
"Na segunda-feira 13 (de novembro) reunimo-nos em casa de Antônio Francisco de Gouvêa, no sítio, com o objetivo de organizar uma igreja. O Sr. Conceição pregou a mais de 30 presentes, após o que fizeram pública profissão de fé e receberam o sacramento do batismo as seguintes pessoas: Joaquim José de Gouvêa e sua mulher Lina Maria de Gouvêa, seu filho Francisco Joaquim de Gouvêa e sua filha Sabina Maria de Gouvêa; Antônio Francisco de Gouvêa, sua mulher Sabina Maria de Gouvêa e suas três filhas Belmira Maria de Gouvêa, Maria Vitória de Gouvêa e Maximina Maria de Gouvêa; Severino José de Gouvêa e sua mulher Maria Joaquina de Gouvêa. Com eles celebramos o amor de Nosso Senhor ao morrer, comendo e bebendo os símbolos do seu corpo partido e sangue derramado. Era a primeira vez que qualquer deles participava desse sacramento, ou o via. Foram horas de júbilo para o coração dos que participaram e de profunda impressão para os que presenciaram, ao menos para alguns.
"O Sr. Conceição dirigiu a oração final; julgo ter sido a mais jubilosa explosão de agradecimento que jamais ouvi. Deu graças pela vinda do Evangelho até eles, pela misericórdia que os tinha levado a ouvir e aceitar, e pelos privilégios daquela hora, etc. De envolta com as ações de graças e ferventes pedidos exortações e solicitações aos presentes para que aceitassem o livramento oferecido em Cristo. Na mesma ocasião foram batizadas as seguintes crianças: Antônio Francisco de Gouvêa, Maria Luiza, José Francisco e Sabina Maria de Gouvêa (3) e Maria Luiza, José Venâncio, Domicília Maria, Inocência, Herculano José e Elias de Gouvêa, filhos de Severino José e Maria Joaquim de Gouvêa.
"A 14 de novembro, no culto em casa do Sr. Tenório foram batizados Joaquim, Antônio Joaquim, Lino José, Honório José e Cassiano, filhos de Joaquim José e Lina Maria de Gouvêa.
"Quarta-feira, 15 de novembro, deixamos Brotas" (4).
Onze adultos membros professos e dezessete crianças batizadas, não pessoas isoladas, e sim uma grande família: os três irmãos Gouvêa com suas esposas e filhos (sete de Severino José, cinco de Antônio Francisco e cinco de Joaquim José). A seguir vieram os parentes de Conceição que, nas semanas seguintes, aderiram à Igreja; sua cunhada, um sobrinho, sua irmã mais moça Tudica. Esta atraiu seu marido, sua sogra D. Cândida Cerqueira Leite, a mais respeitada e influente fundadora do povoado, e todos os filhos desta.
Gradualmente a comunidade de Brotas desenvolveu-se de maneira extraordinária. Em 1867 possuía 61 membros professos, em 1871, 116 (e 123 crianças); em 1874, 140 membros. "Gente da vila e gente dos sítios: Buenos, Prados, Magalhães, Borges, Oliveiras, Morais, Cardosos e Cardosas, Barros, Coutinhos e Garcias. Gente de várias procedências e diversas famílias, espalhadas num raio de dez a quinze léguas por aqueles sertões. Negros e ex-escravos: em 21 de outubro desse mesmo ano de 1866, professavam e eram batizados João Claro Arruda e sua mulher Maria Antônia de Arruda; a mulher era índia; e João Claro ex-escravo e ex-sacristão de José Manoel da Conceição (5).
A igreja de Brotas foi, durante muito tempo uma das maiores igrejas protestantes do Brasil, ao lado da do Rio. É verdade que a chegada bem tardia de um pastor residente (vindo apenas em 1868) permitiu ao clero católico a restrição de sua atividade assoladora. O movimento protestante, que durante um momento parecera prestes a ganhar toda a população, deu origem apenas a uma comunidade minoritária: desde 1866 um Cerqueira Leite debatia-se sozinho, na Câmara Municipal, contra o projeto de interdição das reuniões protestantes. Limitada no seu lugar entretanto, a influência dos protestantes de Brotas propagou-se pelas regiões onde se havia originado e naquelas para onde se transferiram esses protestantes. Vimos que os três irmãos Gouvêa eram de Borda da Mata; possuíam um irmão ainda nesse lugar, Antônio Joaquim, que se converteu a convite dos outros, junto com seu genro Belisário Corrêa Leite; esta foi a origem da Igreja Presbiteriana de Borda da Mata – distante de Brotas mais de 200kms, em linha reta, incontestavelmente sua filha – fundada em 23 de maio de 1869 com o batismo de 15 adultos (dos quais seis Gouvêa, dois Leite e três de seus escravos) e vinte crianças. Tendo-se transferido de Brotas para Dois Córregos, um dos irmãos Gouvêa estabeleceu ali, em 25 de março de 1875, uma Igreja constituída de 19 membros adultos e 15 crianças.
Viajando no tempo conta nos uma história interessante e real sobre os primórdios dos Quilombolas na origem do nosso Município cujo nome no passado foi Cachoeira dos Rates.
Curioso é culto pesquisador fez interessantes revelações sobre um passado desconhecido por muitos cachoeirense ou que ou que sabem de alguns fatos por fontes orais passados de pai para filhos.
Jorge nós relembra a figura do famoso Capitão-do-mato, homens que chefiava expedições destruidores de Quilombos formados por escravos fugitivos que lutavam bravamente por sua subsistência e muitos dos quais sobreviveram na forma de "povoados" habitados por negros e brancos pobres. Em seu relato ele menciona a famosa Cachoeira do Pai Paulo e descreve as imediações da famosa e histórica Fazenda da Chamusca até o enigmático Cemitério dos Escravos (1860) abandonado há mais de cem anos.
Parabéns Doutor Jorge Vilela. Belo trabalhoa
Viajando no tempo conta nos uma história interessante e real sobre os primórdios dos Quilombolas na origem do nosso Município cujo nome no passado foi Cachoeira dos Rates.
Curioso é culto pesquisador fez interessantes revelações sobre um passado desconhecido por muitos cachoeirense ou que ou que sabem de alguns fatos por fontes orais passados de pai para filhos.
Jorge nós relembra a figura do famoso Capitão-do-mato, homens que chefiava expedições destruidores de Quilombos formados por escravos fugitivos que lutavam bravamente por sua subsistência e muitos dos quais sobreviveram na forma de "povoados" habitados por negros e brancos pobres. Em seu relato ele menciona a famosa Cachoeira do Pai Paulo e descreve as imediações da famosa e histórica Fazenda da Chamusca até o enigmático Cemitério dos Escravos (1860) abandonado há mais de cem anos.
Parabéns Doutor Jorge Vilela. Belo trabalhoañ