Havia um ponto positivo para a elite mineira no que se refere aos constantes ataques que os indígenas faziam à sociedade. O “barbarismo” destas tribos legitimava a Guerra Justa, o extermínio e mesmo a escravidão. Eram inferiores e teriam sido feitos por Deus para servirem aos superiores ou não atrapalharem.
Os colonos viam as Guerras Justas como uma opção para adquirirem mão-de-obra e, conseguirem assim, desenvolver suas atividades econômicas. Para os religiosos, o barbarismo justificava a necessidade da catequese e transformava o religioso em um mártir a serviço de Deus. Era preciso transformar “bestas humanas e feras” em cristãos. (Romielli)
O Padre Manoel Vieira Nunes em sua carta escrita ao Conde de Valadares relatando suas opiniões sobre alguns grupos indígenas que habitavam o aldeamento de Laranjeiras, volta a ser importante para a discussão. Conforme já visto, ao descrever algumas tribos de índios com os quais a sociedade colonial conseguia travar algum tipo de relação, concluí afirmando que não se podia acreditar que os índios eram amigos dos portugueses, mas sim, estariam apenas usando-os segundo seus próprios interesses. Entretanto, agora, o foco sobre sua carta, é a sua explicação e justificativa para a escravidão indígena.
Depois de ter concluído serem os índios Capochós e Aimorés, rebeldes, infiéis, dissimulados, vorazes devoradores de carne humana e possuidores de outros defeitos, declara que “... enquanto seu orgulho não for prostrado como justamente pode e parece se deve efetuar até os reduzir sendo necessário e conveniente a escravidão por ser a causa da nossa guerra agressiva e juntamente defensiva com título muito justo em direito fundado...” (Carta do Padre Manoel Vieira Nunes ao Conde de Valadares)
Continua a carta utilizando-se de elementos medievais para justificar a Guerra Justa: “... e os
prisioneiros de justa guerra não sendo católicos tem por direito comum imperial a pena de servidão perpétua..."
Texto Anterior: O cativeiro indígena estava proibido, mas ocorria.
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