Apesar dos aldeamentos terem sido utilizados como um facilitador sobre o controle da mão de obra indígena, a maioria dos índios do Sertão não o admitiam. Daí, as constantes expedições punitivas às suas aldeias.
Um grupo indígena que sofreu perseguição implacável dos colonos foi o dos Caiapós, habitantes, segundo o bandeirante paulista Antônio Pires de Campos, da área compreendida desde “...a zona do Pardo e Camapuã, no Sudeste de Minas Gerais até a área ... do Triângulo Mineiro; e para cima até a altura quase da embocadura do Araguaia...” 1
Segundo Neme, a primeira entrada de paulistas que teve contatos com eles em 1608 foi amistosa. Porém, em 1612 Garcia Roiz Velho aprisionou alguns índios que viviam próximos às vilas e em paz. O citado autor conclui que:
“... nos princípios do século XVII os Caiapó, também chamados Bilreiros, eram um povo pacífico e assentado, mantendo relações amigáveis com os brancos de São Paulo... É com a entrada de levas seguidas de mineradores, aventureiros e traficantes, soldados e colonos, nas terras de domínio dos Caiapó, a partir de 1726, que estes índios se tornam mais agressivos....” 2
A partir desta “agressividade”, ou seja, da recusa em facilitar o domínio sobre suas terras, os Caiapó se tornaram “inimigos do Estado”. Segundo Karash, “em 1741 aproximadamente 8000 Caiapós foram escravizados pelos Paulistas e os sobreviventes se refugiaram no Sul de Goiás, perto de Vila Boa”. 3
Barbosa dá conta de que o capitão Antônio Pires de Campos, tentando impedir os constantes ataques dos Caiapós, fundou três aldeias de Bororos no caminho para Goiás: “...Sua finalidade era não só garantir os viandantes que se dirigiam àquela capitania, como também constituíram-se como bases para as investidas contra os terríveis inimigos dos brancos...” 4
As principais aldeias Caiapós localizavam-se em território goiano, mas estes indígenas usavam a
região do Campo Grande para caça e movimentação. Nestes momentos atacavam fazendas e povoados, matando e roubando criações, roupas, enfim, o que pudessem levar. Em 1701, eles haviam atacado nas Lavras de Nossa Senhora dos Remédios, território atualmente pertencendo a Mato Grosso: “... deu o gentio Caiapó um assalto nas Lavras... aonde matou oitenta e cinco pessoas, quatro homens brancos e os demais pretos que andavam trabalhando em serviço de minerar. Deu nas fazendas do doutor Francisco Pereira dos Guimarães e na de Agostinho de Faria Castro por onde matou toda cousa viva que achou pôs fogo e roubou o que lhe fez conta. Passou para o distrito de Cocais onde matou três escravos de Salvador R. de Siqueira e pelos sítios circunvizinhos a mais de cinqüenta pessoas abrindo as crianças pelo meio fazendo em pedaços pondo fogo as casas roubando aquilo que lhe fazia mister...” 5
Um grupo indígena que sofreu perseguição implacável dos colonos foi o dos Caiapós, habitantes, segundo o bandeirante paulista Antônio Pires de Campos, da área compreendida desde “...a zona do Pardo e Camapuã, no Sudeste de Minas Gerais até a área ... do Triângulo Mineiro; e para cima até a altura quase da embocadura do Araguaia...” 1
Segundo Neme, a primeira entrada de paulistas que teve contatos com eles em 1608 foi amistosa. Porém, em 1612 Garcia Roiz Velho aprisionou alguns índios que viviam próximos às vilas e em paz. O citado autor conclui que:
“... nos princípios do século XVII os Caiapó, também chamados Bilreiros, eram um povo pacífico e assentado, mantendo relações amigáveis com os brancos de São Paulo... É com a entrada de levas seguidas de mineradores, aventureiros e traficantes, soldados e colonos, nas terras de domínio dos Caiapó, a partir de 1726, que estes índios se tornam mais agressivos....” 2
A partir desta “agressividade”, ou seja, da recusa em facilitar o domínio sobre suas terras, os Caiapó se tornaram “inimigos do Estado”. Segundo Karash, “em 1741 aproximadamente 8000 Caiapós foram escravizados pelos Paulistas e os sobreviventes se refugiaram no Sul de Goiás, perto de Vila Boa”. 3
Barbosa dá conta de que o capitão Antônio Pires de Campos, tentando impedir os constantes ataques dos Caiapós, fundou três aldeias de Bororos no caminho para Goiás: “...Sua finalidade era não só garantir os viandantes que se dirigiam àquela capitania, como também constituíram-se como bases para as investidas contra os terríveis inimigos dos brancos...” 4
As principais aldeias Caiapós localizavam-se em território goiano, mas estes indígenas usavam a
região do Campo Grande para caça e movimentação. Nestes momentos atacavam fazendas e povoados, matando e roubando criações, roupas, enfim, o que pudessem levar. Em 1701, eles haviam atacado nas Lavras de Nossa Senhora dos Remédios, território atualmente pertencendo a Mato Grosso: “... deu o gentio Caiapó um assalto nas Lavras... aonde matou oitenta e cinco pessoas, quatro homens brancos e os demais pretos que andavam trabalhando em serviço de minerar. Deu nas fazendas do doutor Francisco Pereira dos Guimarães e na de Agostinho de Faria Castro por onde matou toda cousa viva que achou pôs fogo e roubou o que lhe fez conta. Passou para o distrito de Cocais onde matou três escravos de Salvador R. de Siqueira e pelos sítios circunvizinhos a mais de cinqüenta pessoas abrindo as crianças pelo meio fazendo em pedaços pondo fogo as casas roubando aquilo que lhe fazia mister...” 5
Os contínuos ataques foram a razão que as autoridades queriam para justificar a Guerra Justa, o aprisionamento de cativos e o controle da região. Assim, em 1736 foi autorizada a Guerra Justa contra os Payaguases e seus confederados, ou seja, os Guaycurus e os Caiapós.
“... Atendendo as muitas queixas que me tem feito os viandantes do caminho das Minas dos Guaiazes e a representação que me fizeram os roceiros e moradores do mesmo caminho das hostilidades e estragos que o gentio caiapó tem feito assim nas roças como em algumas tropas e ao que S. Majestade pela sua real ordem de 5 de março de 1732 foi servido ordenar que se fizesse guerra aos Gentios Paiaguazes e todos os seus confederados e os mais que infestam o caminho das Minas, havendo precedido as devassas pelas quais foram culpados assim os referidos gentios Paiaguazes como esse mesmo gentio Caiapó que barbaramente continua nos seus insultos e quererem os Suplicantes a sua própria custa dar o castigo que merece este atros delito pela utilidade e que se segue a segurança dos quintos de Sua Majestade e aumento de sua real fazenda e bem público. Mando que pessoa alguma lhe não ponha impedimento antes lhe dêem toda ajuda e favor que lhe for pedido para com mais facilidade se conseguir o desejado efeito desta diligência cujo serviço haverá Sua Majestade por bem e poderá premiar como for servido”. 6
“... Atendendo as muitas queixas que me tem feito os viandantes do caminho das Minas dos Guaiazes e a representação que me fizeram os roceiros e moradores do mesmo caminho das hostilidades e estragos que o gentio caiapó tem feito assim nas roças como em algumas tropas e ao que S. Majestade pela sua real ordem de 5 de março de 1732 foi servido ordenar que se fizesse guerra aos Gentios Paiaguazes e todos os seus confederados e os mais que infestam o caminho das Minas, havendo precedido as devassas pelas quais foram culpados assim os referidos gentios Paiaguazes como esse mesmo gentio Caiapó que barbaramente continua nos seus insultos e quererem os Suplicantes a sua própria custa dar o castigo que merece este atros delito pela utilidade e que se segue a segurança dos quintos de Sua Majestade e aumento de sua real fazenda e bem público. Mando que pessoa alguma lhe não ponha impedimento antes lhe dêem toda ajuda e favor que lhe for pedido para com mais facilidade se conseguir o desejado efeito desta diligência cujo serviço haverá Sua Majestade por bem e poderá premiar como for servido”. 6
Próximo Texto: A guerra justa de D. Luiz Mascarenhas e o fracasso do coronel Antônio Pires de Campos.
Texto Anterior: O problema da terra e a questão dos índios no século XIX.
1 - NEME, Ségio. Dados para a história dos índios Caiapó. In: Anais do Museu Paulista. n. 23, 1969 . p. 190-248117 Ibidem p. 120 e 129
2 - 17 Ibidem p. 120 e 129
3 - KARASH, Mary. Conflito e resistência interétnicos na fronteira brasileira de Goiás nos anos 1750 a 1890.In: Revista da SBPC, Curitiba, n.
4 - 1997. p. 35119 BARBOSA, Waldemar de Almeida. Negros e quilombos em Minas Gerais. Belo Horizonte: s/Ed. p. 88
5 - SÁ, Joseph Barbosa de. Relação das povoaçoes do Cuiabá e Mato Grosso de seus princípios thé os prezentes tempos. (1775), Cuiabá, SEC/UFMT, 1975
6 - ARQUIVO DE SÃO PAULO. Documentos Interessantes. n. 22.1896
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