Algumas das imagens mais famosas sobre indígenas no Brasil são os quadros a óleo do pintor holandês Albert Ekhout no século XVII, onde ele demonstra como eram alguns habitantes do Brasil, e dentre eles os índios Tupi e Tapuia.
As duas mulheres indígenas foram reproduzidas no ano de 1641, e os dois homens, em 1643.
Nestes quadros identifica-se não só a imagem que o pintor tinha sobre eles, como também a imagem que a época fazia sobre os Tupi e os Tapuia. O par Tupi (homem e mulher) é apresentado como civilizado. Carregam utensílios de cerâmica e de cestaria, o que é um indicativo do “grau de civilidade” e, principalmente, portam um dos elementos que mais identificaria o quanto civilizada estaria uma sociedade: as roupas. Eles estão vestidos, logo, são civilizados. Já o par Tapuia (homem e mulher) é apresentado como o oposto daqueles. Estão nus, apresentam imagens mais agressivas e trazem consigo um pé e uma mão decepados.
O curioso é que se sabia que ambos os grupos faziam rituais antropofágicos, ainda que por razões diversas, mas nas imagens, esta “falta de civilidade” é associada apenas aos Tapuia. Entretanto, o mais contundente destas imagens é o cenário dos quadros. Tanto no que apresenta o índio Tapuia como no que traz a índia também Tapuia, há a presença de animais peçonhentos e de uma natureza bravia, ao contrário do que ocorre nos dois quadros dos Tupi. O cenário apresentado neste caso, é o de uma natureza domesticada, trabalhada pelo homem. Há, inclusive, ao fundo do quadro da índia Tupi, uma construção que pode ser remetida a um aldeamento ou fazenda.
Trecho de um trabalho sobre Minas Gerais colonial de Marcia Amantino.
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