De acordo com diferentes documentos, Ambrósio teria sido o chefe do quilombo destruído em 1746. Para alguns estudiosos teria morrido na batalha; outros afirmam que não só escapou, como fundou o segundo Quilombo do Ambrósio ou Quilombo do Campo Grande. Novamente, o que importa é que Ambrósio conseguiu permanecer no imaginário da população não só negra como também branca, e está presente como sendo o grande líder.
Esta mesma história informa que a razão para o ataque ao quilombo foi a traição de Pedro Rebolo que, ao fugir, contou sobre a estrutura quilombola. As razões oficiais que constam na documentação mineira do século XVIII, relatam a existência de um plano geral dos escravos e dos quilombolas para se rebelarem no dia de Endoenças (3.4.1756) e matarem todos os brancos. A rebelião não ocorreu e não se sabe nem se ela teria sido planejada de fato. Mas, em 1757 o governador Gomes Freire Andrade confirmava que ainda estava reunindo forças para destruir o quilombo:
“Às Câmaras da Capitania de Minas Gerais: Ano passado me escreveram algumas câmaras desta capitania dando-me conta em Quinta feira das Endoenças se disse vinham os negros fugidos em assalto aos brancos e que para se evitar este irreparável dano, tinham requerido estivessem em cautela no dito dia as ordenanças; não houve com efeito nada, de que devemos louvar a Deus: algumas das mesmas Câmaras requeriam ser preciso dar-se em o Quilombo Grande, junto ao do Ambrósio...e que seria preciso para esta expedição duzentos e cinqüenta até trezentos homens...”.
Esta possível rebelião teria desencadeado um gigantesco ataque ao quilombo. As autoridades levaram três anos formando uma expedição para destruí-lo, mas a cada dia as notícias alardeavam o aumento de sua população. A rebelião seria a causa principal para o ataque, mas não a única. Os quilombolas habitavam uma área muito rica e fértil, portanto, valorizada aos olhos coloniais.
A história de Gama informa que depois de muitos preparativos, a expedição partiu com mais de 3000 homens, entretanto, não há menção ao seu líder. A documentação do período afirma que foi Bartolomeu Bueno do Prado - a partir deste momento chamado de Governador do Campo Grande - o responsável por mais de 400 soldados que partiram rumo ao quilombo com ordens expressas de destruí-lo. A tropa partiu no dia 18 de junho levando índios, negros, capitães do mato e um capelão cirurgião. Possuíam também botica e tudo mais que uma grande tropa precisaria ter. Além das 400 pessoas diretamente lideradas por Bueno do Prado, o grupo contava ainda com mais pessoas vindas de todas as partes da Capitania, pois o Governador havia ameaçado com seis meses de prisão a quem não atendesse à convocação para ir ajudar na guerra ao Campo Grande.
Durante todo o tempo de preparativos o governador foi arrecadando armas, munições e mantimentos não só da população, como também junto a Câmaras de diversas vilas. Em 1756, Gomes Freire de Andrade enviou para São João Del Rei quatro barris de pólvora, balas, munições e armas que estavam nos armazéns reais de Vila Rica; em janeiro de 1758, a Provedoria da Real fazenda mandava mais 150 espingardas, 150 baionetas e material para os cavalos e bestas. No ano seguinte, 1759, quando o governador mudou-se com a comitiva para São João Del Rei de modo a poder acompanhar melhor os preparativos, conseguiu reunir 200 granadas para auxiliar nos combates. Os mantimentos, como a farinha de mandioca, o feijão e os porcos eram adquiridos por toda a capitania e enviados diretamente para as tropas.
Trecho de um trabalho de Marcia Amantino.
Comentários