Corria o ano de mil setecentos e cinqüenta e nove do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os poucos religiosos jesuítas que ainda haviam conseguido permanecer no território de Minas Gerais, estavam agora fugindo rumo ao Sertão, levando consigo seus índios “administrados” e seus escravos. Deixavam para trás as ordens de expulsão e confisco de seus bens, dadas por Pombal, para Portugal e suas colônias.
O grupo seguiu enfrentando várias refregas com as tropas do governo. Os escravos e os índios serviram como soldados lutando para a proteção dos religiosos. Juntos atravessaram o rio de São Francisco e ali não ficaram porque já não era uma região segura para eles; desbravada e povoada anos antes. Preferiram seguir para o Espigão Mestre. Lá, atravessaram a Serra da Mata da Corda e alcançaram as cabeceiras do rio Misericórdia.
Em um determinado ponto que mais tarde recebeu o nome de Quilombo, deixaram para trás, sob a liderança do escravo alforriado Ambrósio, todos os que haviam lutado e matado brancos para facilitar a fuga dos religiosos. As ordens a Ambrósio, eram de que se criasse um quilombo capaz de abrigar os mais de 200 homens que ficariam sob seus cuidados. Eram homens perigosos que para os defenderem praticaram toda sorte de violência, e os religiosos não queriam ser acusados de proteção a facinorosos.
Os jesuítas seguiram em frente guiados por Tucum, líder indígena de uma das tribos aliadas, levando cerca de duas mil pessoas. Pararam na Aldeia de Sant’Anna, onde já havia uma pequena tribo que os acolheu. A razão da escolha deste local teria sido por motivos estratégicos: de lá poderiam catequizar os índios de Minas Gerais, Goiás e São Paulo, e pelo rio Paranaíba poderiam, em caso de ataque, fugir para Goiás e Mato Grosso.
texto de Marcia Amantino.
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