João do Prado Leme localizou e atacou o quilombo em 19 de dezembro de 1736. De seu relato extraímos os seguintes registros: “mataram um [negro] que resistiu com mais força, pelas muitas flexas que expedia”; “dos que fugiram apanharam as negras e crianças e um negro bastardo que mandei entregar á justiça por me dizerem as ditas moças era o que matara seu pai.”; “e só ficaram no Rancho as pobres moças prisioneiras com o irmãozinho livres do cativeiro”; “em virtude do tempo chuvoso que dificultava as buscas, se recolheram com os despojos, não deixando de levar a cabeça do [negro] que mataram a qual puseram na encruzilhada”. [1]
O registro de uma única vítima na operação, pode não corresponder à realidade. Era comum entre os Capitães-do-mato, sonegarem os mortos para não terem que indenizar os proprietários de escravos. A referência a um rancho afastado, onde as moças estavam prisioneiras, pode ser o que originou o nome da Fazenda do Rancho, uma das mais antigas de Carmo da Cachoeira e que se localizava defronte à Fazenda do Vau, onde o rio do Cervo dava passagem a pé.
Fica a dúvida quanto ao nome com o qual o quilombo era conhecido na região. Entendemos que Boa Vista teria sido o seu nome, uma vez que o topônimo veio servir de referência a duas sesmarias concedidas na região, no final do século XVIII: a sesmaria de João Dias de Gouveia em 27 de junho de 1786, “na Paragem da Boa Vista,” [2] no local em que foi destruído o quilombo e a sesmaria de José Joaquim Gomes Branquinho em 09 de julho de 1795, “nas cabeceiras da sesmaria da Boa Vista.” [3]
Entre vários homônimos que aparecem na Genealogia Paulistana, localizamos João do Prado Leme, filho de Pedro Leme do Prado e Maria Gonçalves Preto, nascido em 1675 em Jundiaí e casado com Anna Maria de Oliveira (ou Louvera) em 1695. Este João do Prado Leme teve um filho homônimo que na época da expedição deveria ter cerca de 30 anos. Não teria sido o filho o comandante da expedição, por não se enquadrar no perfil descrito por Tomé Rodrigues Nogueira do Ò: “homem antigo previsto na máxima dos sertanejos”. Tudo indica que João do Prado Leme, o pai, foi o comandante que, com 61 anos, recebeu a patente de Cabo para destruir o quilombo da Chamusca.
João [do] Prado Leme é ainda citado como proprietário de terras em Baependí, no inventário de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó, onde ele aparece como seu vizinho: “... e no rio Baependí acima, aí em terras de João Prado Leme.” [4] Certamente são as terras que ele recebeu do governo como prêmio pela destruição do quilombo.
No próximo artigo nos reportaremos às informações mais importantes do relato de João do Prado Leme: a degola do negro morto em combate, com a exposição pública de sua cabeça em um mastro na Encruzilhada do Caminho Velho e a fuga do chefe do quilombo, “o mulato intitulado Rei, com uma concubina, dois filhos e quatro escravos.” [5]
O registro de uma única vítima na operação, pode não corresponder à realidade. Era comum entre os Capitães-do-mato, sonegarem os mortos para não terem que indenizar os proprietários de escravos. A referência a um rancho afastado, onde as moças estavam prisioneiras, pode ser o que originou o nome da Fazenda do Rancho, uma das mais antigas de Carmo da Cachoeira e que se localizava defronte à Fazenda do Vau, onde o rio do Cervo dava passagem a pé.
Fica a dúvida quanto ao nome com o qual o quilombo era conhecido na região. Entendemos que Boa Vista teria sido o seu nome, uma vez que o topônimo veio servir de referência a duas sesmarias concedidas na região, no final do século XVIII: a sesmaria de João Dias de Gouveia em 27 de junho de 1786, “na Paragem da Boa Vista,” [2] no local em que foi destruído o quilombo e a sesmaria de José Joaquim Gomes Branquinho em 09 de julho de 1795, “nas cabeceiras da sesmaria da Boa Vista.” [3]
Entre vários homônimos que aparecem na Genealogia Paulistana, localizamos João do Prado Leme, filho de Pedro Leme do Prado e Maria Gonçalves Preto, nascido em 1675 em Jundiaí e casado com Anna Maria de Oliveira (ou Louvera) em 1695. Este João do Prado Leme teve um filho homônimo que na época da expedição deveria ter cerca de 30 anos. Não teria sido o filho o comandante da expedição, por não se enquadrar no perfil descrito por Tomé Rodrigues Nogueira do Ò: “homem antigo previsto na máxima dos sertanejos”. Tudo indica que João do Prado Leme, o pai, foi o comandante que, com 61 anos, recebeu a patente de Cabo para destruir o quilombo da Chamusca.
João [do] Prado Leme é ainda citado como proprietário de terras em Baependí, no inventário de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó, onde ele aparece como seu vizinho: “... e no rio Baependí acima, aí em terras de João Prado Leme.” [4] Certamente são as terras que ele recebeu do governo como prêmio pela destruição do quilombo.
No próximo artigo nos reportaremos às informações mais importantes do relato de João do Prado Leme: a degola do negro morto em combate, com a exposição pública de sua cabeça em um mastro na Encruzilhada do Caminho Velho e a fuga do chefe do quilombo, “o mulato intitulado Rei, com uma concubina, dois filhos e quatro escravos.” [5]
Jorge Vilela, 28/03/2008
[1] APM, SC 56, p. 102 a 103 v.
[2] APM, SC 234, p. 180 v.
[3] APM, SC 265 p. 64 v.
[4]Disponível no site: http://www.genealogia.villasboas.nom.br/
[5] APM, SC 56, p. 102 a 103 v.
Comentários
Maria Leme do Prado, Rosa Leme do Prado (Rosa Maria do Prado) uma das minhas n-avós, descendia de Antonio da Rocha Leme e de Antonia do Prado de Quevedo ( Antonia ddo prado Leme) e como era de costume o primogênito levar o sobrenome completo do pai e os demais sobrenomes variados ou invetidos, ou da mãe, de avós, etc. João, citado pode descender desse tronco.
Gilberto Lemes.
http://silvalemes.blogspot.com
gostaria de saber se Maria Leme e Tomé Rodrigues Nogueira do ó, tinham um escravo de nome João, se em algum momento estiveram na região de Congonhas