Novos tempos. Novas visões. Novas leis para sociedades que avançavam em direção a uma nova consciência, impulsionadas pelas energias do século XXI.
Assim, é hora de perceber-se, como indivíduo, fazendo parte de um todo e constante progresso. Sempre em corrente ascendente. Momento exato para uma percepção do espaço geográfico e histórico definido, conforme hoje regulamentado. Da extensa comarca do Rio das Mortes, a saber, espaço físico sob a jurisdição de São João Del Rey, dos idos dos séculos XVIII e XIX, passando pelo que descreve Antônio Bonifácio Maciel1.
Em 1948 foi publicado o resultado do censo de 1940, onde se determinava a área do município como sendo de 561 km², em um total de 581.975 km² do Estado de Minas Gerais, e com uma população de 9.626 habitantes, contra 7.544.247 do Estado, isto é, 0,13% da população ocupando 0,10 do território.
Antes o município de Carmo da Cachoeira englobava o distrito de São Bento Abade, e seu limite oeste era o município de São Tomé das Letras2. Durante nosso passeio pelo tempo vimos que Carmo da Cachoeira perdeu território, mas em contrapartida já pertenceu a Carrancas, Lavras, Três Pontas e Varginha. Em 1956 Antônio Batista Sant’Ana, agente do IBGE, escreveu: a “freguesia que pertence à Câmara Eclesiástica de Dores3, a 9 léguas de distância – conta com 100 casas...”4.
Por causa deste histórico, suas origens fundem-se às histórias dos municípios de Carmo da Cachoeira e São Bento Abade. Hoje, cada um desses municípios tem identidade e tendências próprias.
Buscamos neste trabalho marcar o perfil local, estudando aqueles que aqui se fixaram, através das obras arquitetônicas que construíram. A partir deste ponto nos debruçaremos sobre as casas que vieram compor o antigo arraial de Cachoeira dos Rates, na freguesia de Nossa Senhora do Carmo. Enfim, quais eram as fazendas de 1857, no núcleo populacional emergente e sob a proteção da Senhora do Monte Carmelo.
Lembramo-nos sempre, com muito carinho e gratidão, da Vovó Carrancas, da Mãe Lavras do Funil, e das irmãs Luminárias, Ingaí, de Rosário de Lavras, Macaia, Bom Sucesso, Dores da Boa Esperança, Espírito Santo dos Coqueiros, Santa Ana da Vargem, São João de Nepomuceno, Três Pontas, Varginha, Três Corações, Baependi4, e Aiuruoca. Todos estavam irmanados na comarca de Rio das Mortes, nos idos dos séculos passados.
A partir de 1748 a presença maciça de açorianos na região, e antes deles, de paulistas e outros frequentadores. A riqueza, seja sob a forma de minerais ou não, circulava de norte a sul, leste a oeste, desta imensa colônia de Portugal. Os açorianos vieram intensificar um movimento econômico já existente. Desta maneira vieram a contribuir na formação de nossas origens, mas não foi só este grupo de imigrantes que povoou esta região, como indicam alguns trabalhos que se baseiam principalmente nas características arquitetônicas da época, similares às utilizadas por aqueles colonos.
As construções em taipa-de-pilão mesclada com bases em madeira, e outras sobre pedras são exemplos típicos da integração cultural e de presenças diversificadas. Não se poderá negar a força e o poderio que transparecem nas construções com seus muros intermináveis e bases de grandiosas pedras. Realmente representam o poderio econômico e de domínio. No entanto, havia outras presenças não-açorianas, e por elas somos gratos. Por elas e pelos seus feitos e desempenho.
Projeto Partilha - Leonor Rizzi
2 – Pelucio, 1942, p. 35 – Deixa clara a pouca definição de fronteiras no primórdios do rio das Mortes quando lemos a carta de sesmaria de Tomé Martins da Costa: “... do outro lado ... no sertão inculto. Ou citando Baependi: Liga-se ainda a Baependi o nome do citado mestre de campo ... onde colheram o primeiro ouro oficialmente por ele denunciado ao Governo, estava Manuel Garcia ....”
3 – A Câmara Eclesiástica de Dores corresponde hoje ao município de Boa Esperança. Era neste local que se analisavam os processos de solicitação para casamento entre consangüíneos e outros. Hoje Carmo da Cachoeira está ligado à Câmara Eclesiástica de Campanha.
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